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Não é mais o Lula da ''marolinha'', diz empresário após reunião

Grupo de dez empresários conversou com o presidente e deu sugestões para enfrentar a crise

Por Sonia Racy e SÃO PAULO
Atualização:

O grupo de dez empresários que se reuniu na segunda-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia), em Brasília, deve voltar ao Palácio da Alvorada em breve. No encontro, realizado no fim da tarde de segunda-feira, em Brasília, Lula recebeu de cada um deles sugestões de medidas para conter a crise e pediu nova reunião para discuti-las, dentro de um mês. O governo estaria bastante satisfeito com o resultado das conversas periódicas com os empresários - estratégia que já foi batizada de "comitê de monitoramento da crise". Recentemente, uma sugestão que surgiu em uma delas deu origem à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os automóveis, anunciada no fim do ano passado. O benefício mexeu positivamente com os indicadores da indústria automobilística em janeiro deste ano. Nessa última reunião, com players diferenciados, foram três horas de bate-papo. Depois das explicações do reconhecido economista João Paulo dos Reis Velloso no início do encontro, sobre sua proposta anticrise - que inclui medidas que vão desde a restituição de 100% recursos do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT) que foram tirados do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à compra de títulos do Tesouro americano e canadense, para repasse ao setor privado até mudanças nas legislações tributária, de terceirização e de meio ambiente -, o presidente pediu a cinco dos empresários que fizessem uma exposição do que haviam levado como sugestão. Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), Paulo Godoy (da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, a Abdib), Emílio Odebrecht (Grupo Odebrecht) e Luiz Fernando Furlan (Sadia) foram os escolhidos por Lula, nessa ordem. Depois, foi a vez da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, falar aos convidados. Ela disse rapidamente sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a necessidade de a iniciativa privada participar dos projetos de infraestrutura. A ministra, porém, saiu antes do fim da reunião, pois tinha viagem marcada. Em seguida, falaram os outros ministros. Sérgio Rezende, de Ciência e Tecnologia, destacou a criação de um Centro Tecnológico de Informação. NOVO DISCURSO Segundo diversas fontes ouvidas, o discurso do presidente em relação à crise surpreendeu positivamente. "É muito diferente do que ele diz lá fora. Não é mais o Lula da ?marolinha?", conta um empresário. Agora, o presidente estaria se mostrando mais consciente dos estragos que a crise econômica pode trazer ao País. Por isso, pediu aos presentes que apostassem principalmente no mercado interno, para que o Brasil possa "sair embalado" da turbulência, à frente de outras economias, como as da China e da Índia. A concordância foi geral. Propositadamente, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não foi convidado para o encontro. Nem por isso o spread bancário deixou de ser assunto. Além dos cinco escolhidos por Lula para falar, participaram e apresentaram sugestões Olavo Monteiro da Carvalho (Grupo Monteiro Aranha), Carlos Mariani (Firjan), Luiz Alquéres (Light), David Barioni (TAM) e Miguel Colassuno (Eletrobrás).

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