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'Não há coelho na cartola', diz Barral sobre exportações

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, afirmou hoje que não haverá nem "sebastianismo" nem "coelho na cartola" entre as medidas de incentivo às exportações que serão adotadas pelo governo. Em entrevista à imprensa nesta tarde, Barral insistiu que uma das principais preocupações do MDIC é a acumulação de créditos de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos Estados. Mas não chegou a indicar qual a saída, que estaria concentrada nas mãos do Ministério da Fazenda. "Não existe sebastianismo em comércio exterior", declarou Barral. "Não há milagre, não há coelho na cartola."Os grandes temas do novo pacote envolverão medidas nas áreas de financiamento, de tributação, de câmbio, de logística e de desburocratização. Na área de financiamento, uma das iniciativas que Barral apontou como importante é o aumento das linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para médias empresas exportadoras. Conforme explicou, as prioridades pontuais serão definidas ao final de conversas entre representantes dos setores privados e da Câmara de Comércio Exterior (Camex).RecuperaçãoO secretário de Comércio Exterior disse que o déficit de US$ 166 milhões na balança comercial de janeiro significa uma recuperação em relação a igual mês do ano passado, no auge da crise econômica mundial, quando o saldo negativo alcançou US$ 529 milhões. "Este ano começou mais promissor que 2009", afirmou, ao divulgar os resultados da balança comercial de janeiro passado. Embora tenha reconhecido que a base de comparação dos resultados - janeiro de 2009 - seja depreciada, Barral insistiu que houve recuperação.Nas exportações, explicou ele, a média diária bateu recorde. Fechou com US$ 565,3 milhões, o que representou um aumento de 21,3% em relação à média diária de janeiro de 2009. Em números absolutos, entretanto, o total de US$ 11,305 bilhões em embarques de bens brasileiros ao exterior não chegou a superar limites anteriores registrados. Boa parte desse desempenho deveu-se à recuperação de dois dos principais mercados compradores de produtos brasileiros, os Estados Unidos e a Argentina, e aos embarques de manufaturas, que cresceram 26,2%. As vendas aeronaves tiveram aumento de 40% em relação a janeiro de 2009.As exportações de petróleo, que responderam por US$ 1,014 bilhão em janeiro, foram favorecidas pelos aumentos de 20%, no volume embarcado e de 144% no preço internacional. Excluindo esse produto da balança comercial, as exportações brasileiras no mês teriam crescido 10%, nas contas da Secex. O porcentual, segundo Barral, é compatível com as estimativas da secretaria para a expansão das exportações neste ano. "O petróleo acabou matizando a balança comercial de janeiro. Mas não foi o item que a salvou", insistiu.O aumento das importações, de 16,8% em relação a janeiro de 2009, foi a principal causa do saldo negativo no mês passado. No mês, as importações somaram US$ 11,471 bilhões. Segundo Barral, o fato de o mercado interno brasileiro estar aquecido colocou o País no foco de vários fornecedores estrangeiros. A taxa de câmbio também deu sua contribuição, especialmente nas compras externas de bens de consumo e de matérias-primas e bens intermediários. No primeiro caso, o aumento foi de 37,9%, em relação a janeiro de 2009, com especial destaque para a expansão de 83,4% nas importações de automóveis. No segundo caso, houve crescimento de 21,3%. O impacto do câmbio teria sido menor nas importações de bens de capital, que aumentaram 6,8%.

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