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Não há desabastecimento estrutural de insumos no País, dizem fornecedores

Para fabricante, empresas que questionam a falta de insumos são as que zeraram seus estoques e na retomada, querem comprar mais para atender a demanda; situação pode voltar ao normal apenas em 2021

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Fabricantes de insumos e entidades do setor afirmam que o desabastecimento não é estrutural, que ampliaram vendas nos últimos meses e os preços seguem cotação internacional.

Lucien Belmonte, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), diz que a capacidade de produção é limitada pela dimensão dos fornos e não tem elasticidade para ampliação. “Trabalhamos 24 horas todos os dias do ano e, mesmo quando o mercado deixou de comprar continuamos produzindo vidro, quebrando e recolocando nos fornos”, afirma.

Maior fabricante de resinas do País, Braskem priorizou as vendas para o mercado interno durante a pandemia. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Segundo ele, a situação só será normalizada em 2021, sem data definida. Para Belmonte, muitos dos que reclamam da falta de produtos zeraram seus estoques para fazer caixa e, na retomada, querem comprar mais para atender demanda e repor inventários. Ressalta que os preços dos gás natural fornecido pela Petrobrás subiu 30% e o da barrilha, que é importada, 40%.

A Braskem, maior fabricante de resinas do País, afirma que bateu recordes de vendas no mercado interno em agosto e setembro. Em nota, diz que vem privilegiando o mercado doméstico e reduziu exportações. No terceiro trimestre a empresa vendeu mais de 1 milhão de toneladas de resinas. “As vendas no Brasil refletem a priorização que temos dado ao mercado brasileiro”, diz Edison Terra, vice-presidente da Braskem.

Quanto aos preços, diz a que “a companhia segue cotações internacionais e há grande variação cambial, mas temos feito reajustes menores na comparação com preços internacionais”. 

Para a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), não há desabastecimento estrutural de resinas termoplásticas. A capacidade instalada para produção é de 7,6 milhões de toneladas por ano e supera a demanda doméstica, informa a entidade. O setor opera com 87% de sua capacidade. “Portanto, ainda há espaço para expandir a produção com os ativos atuais, desde que sejam melhoradas as condições de competitividade”, informa a nota.

A Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) também diz que a venda de produtos para embalagem vem registrando recordes mensais desde julho. Também que a alta demanda ocorreu em razão da retomada da indústria para atender o maior consumo de bens de primeira necessidade, além do crescimento do e-commerce e delivery, que fizeram inflar o mercado de embalagens de papelão ondulado. 

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Em outubro a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado cresceu 8% em relação ao mesmo período de 2019. Segundo a ABPO, a mudança rápida do mercado levou o setor a estender o prazo de entrega, costumavam ser de sete a 30 dias, mais de 30 dias. “A previsão de regularização nas entregas é de médio prazo, a depender de como seguirá a economia, principalmente em função do término do auxílio emergencial”, informa a entidade.

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