Publicidade

'Não há limite de tempo, portanto não me cobrem', diz Lula

Para presidente, programa é resposta para efeitos da crise mundial no País e para reduzir o déficit habitacional

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 25, durante o lançamento do programa de habitação do governo federal em Brasília que a construção das 1 milhão de casas previstas no pacote pode não terminar em seu mandato.  "Se tudo tivesse pronto, se soubéssemos quais os terrenos dos Estados e das prefeituras iríamos usar, poderíamos fazer em dois anos. Mas não tem limite de tempo, portanto não me cobrem", afirmou o presidente. Lula prometeu que no dia 13 de abril, o projeto começará "a todo vapor". "A gente não tem de se importar com o tempo. Gostaria que terminássemos em 2009. Se não conseguirmos, 2010 ou 2011..."

Veja também:

PUBLICIDADE

 

"Este é um programa adicional, quase emergencial", afirmou. Lula disse que a ideia inicial do governo era construir 200 mil casas populares. "Eu falei, temos que pensar grande. Pensou-se em construir 500 mil casas, mas eu disse para a Dilma (Rousseff, ministra da Casa Civil): você diga para o ministro Mantega que não serão 200 mil ou 500 mil casas, mas serão 1 milhão de casas."

 

O presidente Lula avaliou que a maior dificuldade na implantação do programa está nas grandes cidades. "É onde a gente tem mais dificuldade porque tem mais gente degradada, em situação ruim, e o terreno é mais escasso e caro." Lula pediu a governadores e prefeitos que cedam áreas de estados e municípios para baratear o custo de construção das moradias.

 

Lula propôs a instalação de um comitê gestor para identificar em tempo real problemas no andamento do plano. Ao pedir o apoio de prefeitos e parlamentares, Lula disse: "Vocês vivem mais de perto o problema do que eu. Quem é mais xingado é o prefeito, não eu. E eu quero compartilhar com vocês a responsabilidade, referindo-se ao comitê gestor do programa. "Agora, ministra Dilma, não estou dando esta tarefa para a Casa Civil para não dar mais trabalho para o ministério."

 

O presidente ressaltou a redução dos valores do seguro de vida e das prestações do imóvel no programa. "Um velhinho como eu, se fosse comprar uma casa, teria que pagar um seguro com valor equivalente a 36% do preço da casa." Lula comentou que o modelo atual não atende às necessidades de quem tem 25 ou 30 anos e pensa em casar e comprar uma casa. "Só para quem tem 20 anos o seguro é baixinho. Mas com 20 anos a pessoa está pensando em outra coisa."

 

Medida provisória

Publicidade

 

Em seguida, o presidente disse que a prioridade para construção de moradias levará em conta o censo do IBGE. "Não é o amigo governador, nem o amigo prefeito que vão dizer onde devem ser construídas as casas; o IBGE mostra as necessidades de moradias no País", afirmou. "Vamos trabalhar com critérios definidos pelo IBGE."

 

Lula pediu o empenho dos parlamentares para aprovar a MP assinada hoje que estabelece o marco legal para a regularização fundiária de áreas urbanas, permitindo o uso de terras da União para construção das moradias.

 

Bem-humorado, o presidente brincou com seus próprios discursos, nos quais recorre frequentemente ao uso da expressão "nunca na história deste País". Desta vez, comentando o fato de o plano ter sido lançado no Palácio do Itamaraty - uma vez que o Palácio do Planalto está em reformas - Lula disse: "Pela primeira vez na história da República um presidente lança um programa social na sede da aristocracia da diplomacia brasileira".

 

Texto ampliado às 14h14

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.