Um dia depois do anúncio do acordo operacional entre TAM e Varig, a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, procurou o ministro da Defesa, José Viegas Filho, para lembrar que o setor teme que a fusão possa significar demissão de funcionários. Segundo Graziella, o ministro disse que durante a reestruturação das companhias não haverá demissões. Mas a assessoria de Viegas esclareceu que é natural que empresas e governo tenham atenção especial com trabalhadores a fim de preservar os empregos, dentro do critério de racionalidade econômica. A assessoria de Viegas informou ainda que o Ministério não pode garantir a manutenção dos empregos porque esta é uma questão da alçada das companhias aéreas. Mas, ressaltou que o governo está acompanhando este assunto com toda a atenção por ser um setor estratégico. Graziella, que representa nove mil trabalhadores do setor aéreo, 60% delas da TAM e Varig, disse também que o ministro assegurou que o processo de reestruturação será transparente e que a intenção é fazer com que o setor de aviação supere as dificuldades. Viegas teria manifestado ainda a intenção de enviar ao Congresso, o quanto antes, o novo marco relatório do setor aéreo, que viria com a criação da Agência Nacional de Aviação Civil. "Quando se trata de problemas operacionais, é preciso mexer nos preços dos combustíveis, nas tarifas aeroportuárias, e nas taxas de financiamentos para alterar a estrutura do setor de forma a tornar as passagens mais baratas para o usuário", comentou a presidente do Sindicato. Segundo ela, o que se quer evitar é que reestruturação signifique apenas demissões. "Queremos um transporte seguro, fortalecido e que garanta os postos de trabalho, porque já houve perda de oito mil vagas nos últimos anos". Nos próximos dias, o sindicato quer se reunir com a direção das duas empresas. Graziella acrediat que as companhias deveriam ter comunicado ao sindicato a decisão de fusão, até porque esta medida evitaria o estresse causado entre os funcionários. Ela declarou ainda que quando se chegar na fase final das negociações operacionais, o sindicato vai pedir ao governo que condicione a ajuda financeira para as empresas à garantia da manutenção do emprego. Os sindicalistas entendem que é preciso encontrar uma forma de aumentar a ocupação dos vôos, que hoje está em 57%, considerada muito baixa. O representante da CUT no sindicato, Pedro Azambuja, lembrou que é preciso conhecer melhor os termos do acordo que está sendo feito entre as empresas. Para ele, é necessário haver uma preocupação com a concorrência, que é um benefício para a população. A união das empresas, segundo ele, é vista com cuidado pela CUT pois os trabalhadores temem, além da questão do emprego, uma possível queda na qualidade de serviço em prejuízo do usuário.