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''Não podemos esperar 45 dias por um novo corte''

Por Marcelo Rehder
Atualização:

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a redução da Selic em um ponto porcentual seria motivo de comemoração se viesse acompanhada de viés de baixa, o que abriria espaço para novos cortes . "Estamos sob ataque de uma gravíssima crise internacional e não podemos esperar 45 dias para discutirmos novas reduções da Selic". O tamanho do corte na Selic surpreendeu? Eu lamento que a decisão do Copom não tenha deixado um viés de baixa que permitisse novos cortes antes da próxima reunião, que só acontece daqui a 45 dias. A taxa Selic que o Brasil precisa urgentemente é de 8% ao ano, e não de 12,75% nem de 11,75%. A decisão de baixar a taxa em um ponto porcentual estaria boa se tivesse sido tomada junto a decisão de deixar o viés de baixa. Precisamos de uma Selic de 3% de juros reais (descontada a inflação prevista para o ano, de 4% a 5%) A decisão do Copom não pode ser vista como uma indicação de que o BC teria se dobrado à realidade e que seria de se esperar uma queda maior daqui pra frente? O problema é que estamos sob ataque de uma gravíssima crise internacional e apenas sinalizações são insuficientes. Aguardar 45 dias para discutirmos novos cortes nos juros é muito tempo, porque estamos num momento atípico e emergencial. O corte de um ponto porcentual na Selic pode suavizar ou até reverter o quadro atual de retração da economia e de demissões? Só juros não resolve o problema. Nós precisamos de uma série de medidas. Mas, no que diz respeito à redução de juros, o que poderia surtir efeito é termos uma Selic de 8% e spreads bancários muito mais baixos e muito mais crédito do que está sendo oferecido hoje no mercado. Não será esse um ponto a menos de juros que vai reverter o quadro de dificuldades de crise que está instalado.

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