O tombo que houve no consumo das famílias no ano passado, de 4%, a maior retração desde o início da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1996, se traduziu em mudanças radicais nos hábitos de compra do dia a dia da maioria dos brasileiros. “Não estou sabendo mais onde cortar”, afirma a aposentada Maria Aparecida Hog, de 71 anos. Ela e o marido, Nelson Bohemer Freire, de 79 anos, também aposentado, já reduziram as compras de supermercado, as saídas para jantar fora e os gastos com a faxineira e, mesmo assim, vivem no limite. “Antes comprava um pouco mais de produtos de limpeza. Agora é tudo justinho.”
Nos remédios, uma despesa importante para idosos, o casal decidiu fazer um mix de compras de medicamentos genéricos com os produtos de marca para gastar menos. Mesmo cortando despesas, a aposentada teve de pegar um empréstimo consignado para fechar as contas.
A situação não é muito diferente para quem é mais jovem e está na ativa. A corretora de imóveis Christiane Quintanilha de Almeida, de 51 anos, casada e mãe de três filhos, também fez um “ajuste fiscal” nas finanças da família. Cortou produtos sofisticados nas compras de supermercado, dispensou a empregada mensalista e reduziu as saídas para jantar fora. “Antes comprava roupa uma vez por semana e em loja de marca. Hoje, é só na mudança de estação e em lojas de departamento, que têm preço menor”, diz a corretora.