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'Não temos como crescer sem levar em consideração o meio ambiente', diz ex-presidente do BC

Ilan Goldfajn assinou carta com grupo de 17 ex-dirigentes do Banco Central e ex-ministros da Fazenda que pedem desmatamento zero na Amazônia e no cerrado

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por André Ítalo Rocha e Eduardo Rodrigues
Atualização:

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Ex-presidente do Banco Central e atualmente presidente do Conselho de Administração do Credit Suisse no Brasil, o economista Ilan Goldfajn ressaltou nesta terça-feira, 14, a importância do uso sustentável de recursos para atrair investidores.

"Não temos como ter crescimento sustentável no curto e no médio prazo sem levar em consideração questões de sustentabilidade e meio ambiente, claramente interligadas no mundo e no Brasil", disse Goldfajn, durante coletiva online após a divulgação de carta assinada por 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do BC que cobra do governo brasileiro ações para que o desmatamento tanto da Amazônia quanto do cerrado caia para zero. "A imagem do Brasil está relacionada a esse tempo e o investimento vai afetar nosso crescimento de médio e longo prazo."

O ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn. Foto: Hélvio Romero/Estadão - 9/12/2019

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O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que também participou da coletiva, afirmou que já seria um "grande avanço" se o governo não desse subsídios a setores que afetam os níveis de emissão de carbono. "Se não fosse pelo desmatamento, nossa pegada de carbono já seria muito competitiva", disse o ex-ministro.

A carta divulgada nesta terça propõe diretrizes para o alcance da chamada economia de baixo carbono, como o investimento em novas tecnologias e o aumento da cooperação internacional.

Como mostrou o Estadão/Broadcast na semana passada, o objetivo do grupo que assina o documento é propor uma virada na gestão ambiental para que haja uma "recuperação verde" da economia brasileira após a crise decorrente da pandemia de covid-19.

Para o economista Persio Arida, também ex-presidente do BC e participante da coletiva, além do debate sobre a desigualdade social acelerada pela crise do coronavírus, será preciso discutir o meio ambiente. "A covid é um exemplo claro de que o mundo é interligado. Se a covid é um problema de saúde em escala global, o meio ambiente também é um problema em escala global", afirmou Arida, para quem o Brasil tem de assumir uma posição de liderança na questão do meio ambiente, como exemplo de administração responsável.

Outro ex-presidente do BC, Arminio Fraga disse que os impactos de descuidos no meio ambiente podem ser maiores que os da crise do coronavírus. Para ele, o Brasil faz bobagem ao não cuidar de si mesmo nesse tema. "Além de atrair mais investimentos, gestão ambiente melhora a vida das pessoas", afirmou.

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O economista Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da consultoria Tendências, defende que o BNDES deixe de financiar projetos agressivos ao meio ambiente.

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