‘Não vou criar rede de TV para ser chapa branca’
Empresário, que está montando uma operação da rede CNN no Brasil, diz que público da TV paga é muito elitista
Entrevista com
Rubens Menin, empresário
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Rubens Menin, empresário
02 Fevereiro 2019 | 04h00
O cofundador da construtora MRV, Rubens Menin, um dos homens mais ricos do País, acha que o brasileiro precisa colocar a cabeça pra fora e participar mais da vida nacional. “Nenhum país se tornou uma grande nação sem união nacional”, afirma. Menin já é um personagem ativo nesse cenário. Participa de associações empresariais e é um dos maiores doadores de campanhas eleitorais.
Agora, se prepara para uma nova empreitada: a criação de um canal de notícias na TV, a CNN Brasil, uma parceria com a rede americana CNN, com início das operações previsto para o segundo semestre. Segundo ele, não será uma rede de “direita ou esquerda”. “Queremos fazer uma boa imprensa.” A seguir, os principais trechos da entrevista:
É uma obrigação nossa. Tem de mudar a cultura do brasileiro. O brasileiro é muito pra dentro, muito introspectivo. Parece que tem vergonha de participar, de dar opinião. “Ah, o problema é do governo.” Mas não é, não. Temos de botar a cabeça para fora e participar mais. Precisamos de uma união nacional. O Brasil está esfacelado, cheio de grupos, de divisão depois das eleições. Nenhum país se tornou uma grande nação sem união nacional. Lógico que tem de ter diversidade, mas é importante um projeto de nação. As associações de classe e as pessoas físicas têm a obrigação de participar, não podem abrir mão.
É, nesse contexto, eu acho que sim.
Começaram a rotular o projeto como de direita ou de esquerda. Não é nada disso. Queremos fazer uma boa imprensa. A imprensa pode ser opinativa, não tem nada de errado nisso. Mas não se pode distorcer os fatos. Infelizmente, no Brasil, existem distorções de fatos. Isso é ruim para a sociedade. Vamos ter uma grade igual à da CNN americana, mas tropicalizada. Queremos ser construtivos dentro dos bons princípios éticos morais. Aí dizem: “vai ser chapa branca”. Mas que chapa branca, o quê! Vou fazer um esforço desse para ser chapa branca?
Nós queremos penetrar ao máximo a sociedade. Hoje, o público das TVs por assinatura é muito elitista. Mas as plataformas alternativas são outras. Vamos distribuir a notícia, democratizar e atingir todas as classes sociais. Também vamos trabalhar com conteúdo aberto.
Para notícia, precisamos de gente. Vamos ter um número bom. Não pode ser raquítico na largada: vai sair encorpado num primeiro momento.
É uma obrigação cívica. Se vai trazer uma emissora ao Brasil, tem a obrigação de informar ao presidente. Foi uma reunião muito cordial, fui muito bem recebido. O Bolsonaro é uma pessoa simples, não é uma pessoa muito complicada. Então, a conversa foi boa.
Tem duas coisas que eu achei bacana. Primeiro, as nomeações sem o toma lá dá cá, que foram uma inovação. Gostei muito disso. Conheço alguns membros da equipe econômica, como o Salim (Mattar, fundador da Localiza e atual secretário de Privatizações do Ministério da Economia) e outros mais. O Salim é uma pessoa de muito nível, um patriota. A turma está bem. A outra coisa que gostei foi que no relatório Doing Business, do Banco Mundial, somos o 109.º melhor país para se realizar negócios. É uma vergonha para a oitava maior economia do mundo. O Bolsonaro quer nos levar para a posição 50. Está na cabeça deles a ideia de melhorar o ambiente de negócios em bases sustentáveis.
Eu tenho três filhos que trabalham comigo, o que é uma sorte para qualquer pai. O que eu quero dizer é que, em vez de achar nepotismo os filhos trabalharem ao lado dele, na verdade isso é bom. A família é muito importante. Achei bacana a participação da mulher dele, a Michelle, fazendo um discurso inusitado na posse. Ele quer passar para todo mundo a importância da família, e isso é bom. Só conheço um dos filhos, o Eduardo. Tenho excelente impressão do Eduardo, como um cara preparado, preocupado com a imagem do Brasil lá fora. Os outros não conheço. E não vou julgar o Flávio pelo que se está falando. Não consegui ver consistência a favor nem contra. Espero que os fatos sejam elucidados.
Quando falo que as elites não podem ser omissas, isso vale também nas campanhas políticas. Se a legislação permite que doações, então doe dentro das regras. É a segunda eleição na qual doo como pessoa física. Mas é preciso ter seletividade. Os candidatos tinham de passar por um crivo: serem desprendidos politicamente, para fazer um País melhor.
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