As negociações agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC), essenciais para um acordo na Rodada de Doha, foram adiadas na terça-feira, com um acordo frágil correndo o risco de não se concretizar e por problemas em outras áreas. Em declarações após conversas paralelas sobre bens industriais, diplomatas do comércio mostraram a continuidade dos desacordos em relação ao tamanho do corte nas tarifas, acrescentando que as diferenças podem dificultar a reunião dos ministros em maio e a formalização de um acordo geral. A rodada desta terça-feira para as negociações agrícolas, última antes do encontro do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, com os 151 embaixadores na quinta-feira para discutir os próximos passos, foi adiada até sexta-feira. Os ministros começariam o processo "horizontal" de propostas e contrapartidas sobre os bens agrícolas e industriais, que abririam caminho para o acordo de Doha. "Uma série de questões estão sendo levantadas quanto às chances de sucesso de um processo horizontal nestas circunstâncias", afirmou o embaixador indiano na OMC, Ujal Singh Bhatia, a repórteres. O impacto da elevação nos preços dos alimentos também foi mencionado na terça-feira, com os países do G-33, grupo de países em desenvolvimento que importam alimentos, e do G-10, de países desenvolvidos e importadores de alimentos, e o Japão criticando alguns exportadores que pediram reduções nas tarifas de importação e restringiram as exportações por meio de impostos e outras medidas, segundo os participantes da reunião. Os preços recordes dos alimentos levaram diversos países a limitar as exportações. A Argentina, por exemplo, impôs uma tarifa sobre as exportações de soja, enquanto Índia, China, Egito e Vietnã proibiram as vendas internacionais de todos ou alguns tipos de arroz. A Rodada de Doha, lançada no final de 2001 para impulsionar a economia mundial, vem se arrastando por anos, porém negociações mais intensas nos últimos nove meses sugeriam que um acordo poderia ser alcançado.