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Negociador brasileiro lamenta as retaliações da UE

Por Agencia Estado
Atualização:

O embaixador Claudio Hugueney, negociador chefe do Itamaraty para assuntos de comércio internacional, acha que as retaliações européias aos Estados Unidos, que estão para ser anunciadas, criam um clima negativo nas relações multilaterais e podem prejudicar a retomada da economia mundial. "Os maiores (a União Européia e os Estados Unidos) têm a obrigação de defender o livre comércio e o sistema multilateral", cobrou o embaixador. "Se for uma reação em cadeia, vai ser muito ruim", disse Hugueney, lamentando que isto esteja acontecendo no momento exato em que a economia americana começa a se recuperar, melhorando as perspectivas da economia mundial. Ele observou que reações protecionistas são até compreensíveis em momentos de recessão, mas não de recuperação. Hugueney, que está em Monterrey, na Conferência sobre Financiamento ao Desenvolvimento, ligou para a missão brasileira em Bruxelas, para se informar sobre as novas medidas protecionistas da União Européia. "Espero que as medidas, se saírem, não afetem o Brasil e os países em desenvolvimento", disse Hugueney. O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, foi enfático, em uma entrevista à imprensa em Monterrey, em negar que as medidas possam afetar países como o Brasil. "Elas são bilaterais, direcionadas e feitas sob medida", disse Prodi, referindo-se aos Estados Unidos. Hugueney disse que, apesar de as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) em princípio impedirem ações disc! riminatórias (isto, é, um aumento de tarifas para as importações de um único país, como os Estados Unidos), é possível usar mecanismos para contornar aquelas normas. Assim, é possível que os europeus modelem um pacote de retaliações que tente estabelecer restrições especificamente contra os Estados Unidos. A informação do embaixador, que bate com as declarações de Prodi em Monterrey, é de que a UE está, neste momento, trabalhando exatamente para conseguir montar um pacote de retaliação que atinja os Estados Unidos sem prejudicar outros países.

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