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Negócios com ADRs brasileiros crescem

O número de negócios com ADRs cresceu 9,1% em agosto em relação ao mês anterior. Os resultados reforçam a expectativa de que crescimento do volume do primeiro semestre já tenha superado o volume total do ano passado inteiro.

Por Agencia Estado
Atualização:

O número de negócios com American Depositary Receipts (ADRs), recibos de ações de empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York, cresceu 9,1% em agosto em relação ao mês anterior. Conforme dados do Bank of New York, foram negociados 114,6 milhões de papéis no mês passado, em comparação a 105 milhões em julho. O volume financeiro ficou praticamente estável, em US$ 3,543 bilhões em agosto e US$ 3,6 bilhões em julho. O número é bom para um mês de férias, disse o diretor do Bank of New York no Brasil , René Boettcher, responsável pelos ADRs de empresas brasileiras. Os resultados reforçam a expectativa de crescimento do volume total de negócios com ADRs, que no primeiro semestre já superou o número de todo o ano passado, com 13,7 bilhões de títulos negociados, ou US$ 676 bilhões. A América Latina respondeu por 1,8 bilhão de negócios. Nessa projeção, Boettcher conta com o aumento das operações com papéis da Petrobras, que começaram a ser negociados no final deste mês. O crescimento reflete o apetite pelo investimento em empresas de fora dos Estados Unidos e também o processo de fusões e aquisições de companhias nos países emergentes, feitos via ADRs, especialmente na Ásia e Brasil. Parte do aumento das negociações de empresas brasileiras no exterior reflete a saída de investidores da bolsa brasileira. Em agosto, o saldo de investimentos estrangeiros ficou negativo em R$ 613 milhões, elevando o acumulado no ano para R$ 743 milhões. Segundo diretores de bancos, os estrangeiros, para fugir da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), vendem as ações que possuem na Bovespa e compram em Nova York. Impostos provocam a fuga do investidor estrangeiro "Quando o investidor quer vender, vende preferencialmente o que tem aqui no Brasil; quando quer comprar, compra em Nova York", diz Pedro Thomazoni, vice-presidente de Renda Variável do Lloyds TSB. Segundo ele, não há uma redução dos investimentos no Brasil, mas um ajuste das carteiras com o objetivo de pagar menos impostos. Thomazoni não vê, porém, uma grande procura por ações brasileiras. "O mercado está esperando algum fato novo, ou uma melhora no rating (avaliação do risco de se investir no País), ou uma queda da inflação e dos juros", diz. Outro fator que impede um aumento das aplicações no Brasil é o forte volume de lançamentos de papéis no mercado americano, em boa parte, empresas de Internet e nova tecnologia. Esses papéis de maior risco acabam disputando espaço com os mercados emergentes. "Além disso, no Brasil não há opções para os setores mais charmosos do momento", afirma Renato Alver Rabello, diretor do Banco Indusval. "Não temos biotecnologia ou Internet", acrescenta, lembrando que quem quer aplicar em Internet conta com poucas possibilidades, como Globo Cabo e Ideias.net. Além da CPMF, o mercado americano tornou-se mais vantajoso para os fundos sediados em paraísos fiscais, que desde o início do ano estão sujeitos à tributação sobre o ganho de capital, de 10%, como as pessoas físicas. Nesse caso, o aplicador vende aqui e compra nos Estados Unidos, onde não está sujeito à tributação.

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