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Negócios nas semanas de moda devem crescer até 15%

Ultima edição da SPFW gerou R$ 1,2 bilhão, e o Rio R$ 430 mi no mercado interno

Por Agencia Estado
Atualização:

Acontecem neste primeiro mês do ano os dois principais eventos de moda do País - Fashion Rio e São Paulo Fashion Week (SPFW). Juntas, elas irão mostrar as novidades das coleções Outono-Inverno de diversas marcas para 2007. Mas, além de conceitos e design, a moda brasileira almeja gerar negócios, após um ano complicado para o setor têxtil em 2006. "O ano passado não deixa saudade para indústria têxtil, nem pelo mercado interno, nem pelo externo", afirma Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Para ele, a falta de uma política de governo voltada para o setor, o câmbio apreciado, a concorrência desleal com os importados, principalmente da China, foram fatores que afetaram diretamente o desempenho negativo do setor. "Estamos enfrentando um quadro em que variáveis macroeconômicas hostis levaram a esse dado. O ano de 2006, se não foi o pior, está entra os piores anos do ponto de vista do quadro que este setor teve que operar. As evoluções até ocorrem, mas num ritmo muito aquém da dinâmica mundial e dos nossos concorrentes", complementou. Para Graça Cabral, diretora da Luminosidade, que organiza o SPFW, o ano passado foi "engasgado". "Foi um ano esquisito, engessado. Tivemos uma concentração de investimentos em razão da Copa do Mundo e uma paralisação no País por conta das eleições. Além disso, não temos uma política de governo para o setor. Está mais do que na hora de o governo olhar com mais atenção", avalia. Depois de um ano aquém das expectativas a pauta para 2007 é gerar negócios. Na edição de janeiro de 2006, a Fashion Rio, com o pólo de negócios Fashion Business, gerou US$ 11 milhões em exportações e ainda outros R$ 304 milhões para o mercado interno. "Pretendemos crescer 15%. E estamos até bem conservadores nessa estimativa", avalia otimista Jerônimo Vargas, diretor da Escala Eventos e organizador da bolsa de negócios em parceria a Dupla Assessoria, coordenadora do evento. O Fashion Business tem hoje uma lista de 150 compradores vips nacionais e outros 60 internacionais. Estes compradores recebem toda infra-estrutura para vir ao evento - desde passagens a hospedagens e transporte. "Temos ainda cerca de 5 mil compradores instantâneos, que tem uma participação muito forte no mercado", conta Vargas. A edição de janeiro do SPFW gerou em torno de R$ 900 milhões, entre mercado interno e externo. Para esta edição de Outono-Inverno estima-se um incremento nos negócios da ordem de 10%. "Só podemos estimar crescimento diante do ano que tivemos em 2006", diz a diretora da Luminosidade, acrescentando ainda que para o fechamento do ano o crescimento estimado é de 15% a 20%. Entre as fontes ouvidas, o consenso é de que a edição de Outono-Inverno das semanas de moda gera sempre menos negócios do que as edições de Primavera-Verão, visto que a moda praia e tropical é mais apreciada no mercado estrangeiro, o que impulsiona os negócios para o faturamento total do ano. No SPFW, por exemplo, os negócios na última edição de verão passaram da casa de R$ 1,2 bilhão. Já no Fashion Rio o volume foi de aproximadamente R$ 430 milhões no mercado interno e outros US$ 19 milhões em exportação. Graça Cabral lembra ainda o problema climático - "a falta de um inverno definido, mais quente do que o normal" - o que tem apontado um novo comportamento dos estilistas. "Muitos estilistas já optam por coleções mais leves no inverno", revela. Para Vargas, diretor da Escala Eventos, que organiza o Fashion Business no Rio, 2007 promete muito mais do que 2006. "O setor ter sido pior no ano passado está relacionado à economia do País, mas houve, sim, crescimento no evento. No geral, ficou dentro da nossa expectativa que tínhamos para 2006. Mas 2007 promete muito mais", diz. Cabral, do SPFW, projeta que 2007 será um ano importante para consolidação de projetos. "Vamos falar muito nessa questão no sentido amplo da palavra sustentabilidade, torná-lo economicamente viável, e sobretudo garantir que o negócio tenha sustentabilidade". Segundo Fernando Pimentel, da Abit, este ano traz um misto de um alento em função do crescimento estimado para economia e da queda da taxa de juros básicos (Selic). Entretanto, ele ressalta que há muita preocupação do setor caso não haja movimentos contundentes por parte do governo. Entre elas, a continuidade do combate à importação ilegal, desoneração da produção para os setores intensivos de mão-de-obra e formadores importantes de postos de trabalho, e também no avanço de acordos com os potenciais blocos compradores (Estados Unidos, países europeus e Japão). "Não estamos pedindo nenhum favor, só equilibro nas variáveis. Combater as importações ilegais não é favor, é obrigação. Desonerar produção, não somos só nós que dizemos. Enfim, o que nós estamos colocando não é pleito, é realidade". Neste domingo a 10ª edição do Fashion Rio abre o calendário da moda. O evento acontece até 19 de janeiro, na Marina da Glória, e irá mostrar cerca de 30 desfiles no total. Na outra semana, a partir do dia 24 até dia 29, é a vez da capital paulista sediar diversos desfiles durante o São Paulo Fashion Week e apontar muitas tendências da moda brasileira. Tanto SPFW como Fashion Rio têm os holofotes voltados para novas tendências e, evidentemente, para novos negócios.

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