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Nem Obama impede nova queda das bolsas

Investidores temem agravamento da crise em grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa

Por Claudia Violante e Renée Pereira
Atualização:

Nem a euforia em torno da cerimônia de posse do presidente americano, Barack Obama, conseguiu diminuir o mau humor do mercado financeiro ontem. A sequência de resultados ruins no quarto trimestre elevou o temor dos investidores em relação à saúde financeira dos setor bancário e derrubou as bolsas no mundo inteiro. Por aqui, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) despencou 4,01%, para 37.272 pontos, e passou a acumular, pela primeira vez no ano, prejuízo de 0,74%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 4,01% e o Nasdaq, 5,78%. O foco das preocupações ficou em torno de uma companhia americana de administração de ativos, a State Street, que informou aos órgãos reguladores perdas bilionárias e queda de 71% no lucro do quarto trimestre. A notícia derrubou as ações do setor bancário, em especial do Bank of America, JPMorgan e Citigroup. Outra notícia, que transformou a posse de Obama em apenas num pano de fundo para o mercado financeiro, veio do Reino Unido. Na segunda-feira, o Tesouro inglês divulgou um novo plano de socorro aos bancos do País. Para azedar ainda mais o humor dos investidores, o Royal Bank of Scotland previu que poderá ter o maior prejuízo da sua história. Resultado disso, as bolsas europeias fecharam novamente em baixa. Em Londres, o índice FT-100 caiu 0,42% e fechou com 4.091,40 pontos; em Paris, o CAC-40 perdeu 2,15%, para 2.925,28 pontos; em Frankfurt, o Dax-30 teve declínio de 1,77%, aos 4.239,85 pontos. As ações do Credit Suisse caíram 8,33%, as do HSBC Holdings recuaram 3,19% e as ações do Lloyds Banking Group perderam 31,08%. Já os papéis do Royal Bank of Scotland (RBS), que recuaram mais de 60% na segunda-feira, caíram ontem mais 11,21%. Na avaliação do economista do BES, Flávio Serrano, além dos resultados fracos, o grande problema é a expectativa de que os números não vão melhorar tão cedo. Segundo ele, nos primeiros dias do ano, apesar da volatilidade, houve um certo otimismo em relação a posse de Obama, o que provocou um movimento de alta de curto prazo. "Mas a situação é complicada e dificulta movimentos fortes de recuperação." Para os analistas, apesar do discurso positivo do novo presidente dos Estados Unidos, a partir de agora as atenções estarão voltadas para a prática. Boa parte do mercado esperava que Obama anunciasse alguma medida já no seu discurso de posse, o que teria frustrado um pouco os investidores. Durante a cerimônia, Obama falou apenas que os desafios a serem enfrentados não são fáceis nem os de curto prazo.

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