Esses números ficam muito próximo do volume de vendas de veículos novos no semestre, que caíram 20,6%, ficando em 1,31 milhão de unidades, como divulgado na semana passada pela Fenabrave. O que levou à intensificação de interrupções na produção nos últimos dois meses, em vista do excesso de estoques, segundo a Anfavea, foi o rápido desaquecimento da demanda, provocado pela queda do emprego e da renda real média, além das restrições e do encarecimento do crédito. Além dos veículos que estão nas concessionárias, nos pátios das montadoras há 338,8 mil unidades à espera de comprador. O estoque nas fábricas equivale a 47 dias de produção. Não há expectativa de melhora rápida. As revendedoras de veículos preveem que, neste ano, as vendas cairão 23,8%.
O menor ritmo de produção provocou um corte de 7,6 mil empregos na indústria no semestre, sendo mil apenas em junho. Outros 36,9 mil trabalhadores estão em férias coletivas ou em regime de lay-off. Para evitar o agravamento da situação, já que não se prevê uma recuperação do setor antes do segundo trimestre de 2016, o governo editou medida provisória (MP) que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE). A MP permite a redução da jornada de trabalho e do salário, este em menor proporção. A aplicação do programa dependerá de acordos entre a empresa e o sindicato da categoria, além da aprovação do governo.
Se há alguma notícia positiva é o aumento das exportações pela indústria automobilística nacional, que começa a se libertar da excessiva dependência do mercado argentino, vendendo mais para o México, Peru e Chile. Foram exportados, no primeiro semestre, 197.348 veículos, 16,6% mais do que em igual período de 2014, a melhor marca do setor em 20 meses.