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Nervosismo externo faz Bovespa zerar ganhos de 2008

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

O recrudescimento do pessimismo com a economia mundial e uma torrente de notícias corporativas decepcionantes contaminaram os negócios da Bolsa de Valores de São Paulo, que praticamente zerou os ganhos acumulados em 2008. Pressionado pela queda de 62 das 66 ações que compõem o índice, o Ibovespa caiu 2,89 por cento, aos 63.946 pontos. É o menor nível desde 29 de abril. O giro financeiro somou 6,7 bilhões de reais. O movimento refletiu números desoladores de bolsas globais que há muito não se via. Na Europa, o principal índice das bolsas da região caiu ao menor patamar desde 2005. O Nasdaq teve a maior queda diária desde janeiro. E o Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu mais de 3 por cento, para o menor nível em 21 meses. "Foi a reação a uma combinação de notícias ruins da economia e de empresas", disse Ricardo Tadeu Martins, gerente de pesquisa da corretora Planner. O pessimismo já imperava desde a manhã nos mercados europeus, que reagiram a comentários feitos na quarta-feira à noite pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, de que uma alta do juro na região deve ocorrer em breve. O humor dos investidores azedou de vez quando o banco Goldman Sachs divulgou um relatório prevendo novas baixas contábeis do Citi e do Merrill Lynch relacionadas à crise de crédito nos Estados Unidos. Por sua vez, o Wachovia cortou as previsões de ganhos do Goldman Sachs. A fabricante de produtos esportivos Nike apresentou previsões de resultados que desagradaram os investidores. E o banco belga-holandês Fortis anunciou redução nos dividendos e uma emissão de ações para garantir sua solvência. Para completar o quadro desanimador, o dólar voltou a cair, patrocinando uma escalada do petróleo para o recorde de 140 dólares o barril. Na Bovespa, as ações que mais sofreram foram justamente as de empresas que são penalizadas com custos de combustíveis mais altos. Os papéis preferenciais da TAM tombaram 8,9 por cento, a 29,52 reais, seguidos pelas preferenciais da GOL, desabando 8,1 por cento, a 18,34 reais. O setor bancário também teve um dia para se esquecido. As ações preferenciais do Itaú perderam 5,5 por cento, a 32,32 reais. Sobrou também para ações com elevada liquidez, como as preferenciais da Vale, que perderam 5 por cento, valendo 47,02 reais. A dois pregões do fechamento do mês, o Ibovespa vai acumulando perda de 11,9 por cento em junho. É o pior desempenho mensal desde abril de 2004. (Edição de Vanessa Stelzer)

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