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Nextel tem participação mais discreta no segundo dia

No primeiro, empresa elevou os ágios, mas acabou sem licenças

Por Gerusa Marques , Michelly Teixeira e Leonardo Goy
Atualização:

Depois de ter inflacionado a disputa no primeiro dia de leilão da terceira geração de telefonia celular (3G), na segunda-feira, ontem a Nextel foi menos agressiva. Ela continuou a oferecer os maiores lances iniciais, mas, na seqüência, não conseguiu arrematar nenhuma licença. A Nextel opera o serviço de comunicação por rádio em cidades de sete Estados e no Distrito Federal, com cerca de 1,083 milhão de usuários. Na América Latina, a empresa é controlada pela NII Holdings, com unidades no Brasil, Argentina, Mexico, Peru e Chile. Entenda a tecnologia 3G Segundo o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, os ágios teriam sido "bem pequenos" na terça-feira, se não fosse a estratégia da Nextel, já que existia uma licença disponível para cada concorrente. "Havia quatro candidatos naturais, que eram Vivo, Oi, TIM e Claro. Com a entrada da Nextel, passaram a existir quatro lotes para cinco pretendentes." A avaliação do superintendente de Serviços Privados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Jarbas Valente, é a de que o fato de a Nextel não ter conseguido levar nenhuma licença na área 1 (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe) e na área 2 (regiões Sul, Centro-Oeste e Estados de Tocantins, Rondônia e Acre) desestimulou a empresa a disputar as licenças de São Paulo. O objetivo da Nextel, na opinião de especialistas, era o de montar uma rede nos principais corredores viários para ampliar sua atuação em alguns segmentos, como rastreamento de cargas e segurança. Com a 3G, que aumenta a capacidade da rede, esses serviços poderiam ser prestados com mais qualidade e abrangência. Para o analista de telecomunicações do Unibanco, Carlos Constantini, a Nextel poderia ter puxado os ágios para cima como forma de indicar à Anatel que existe espaço para a licitação de uma quinta licença de telefonia celular de 3G. O analista Valder Nogueira, do Banco Santander, frisou que o mercado subestima a capacidade da Nextel. Segundo ele, a empresa pode estar tentando "tirar munição" das grandes operadoras, elevando o desembolso pelas licenças, mas sua estratégia não é desprezível. Ele também apontou a hipótese de a Nextel estar sinalizando que existe mais demanda para a 3G, o que daria margem para uma nova licitação, a preços mais palatáveis. "Eles não querem ser gigantescos, querem construir onde tem público com poder aquisitivo." Para ele, a Nextel pode não ser o jogador mais bem posicionado no Brasil, mas tem uma operação "muito boa", especialmente no México. "Não sei se é cortina de fumaça, mas que está confundindo o mercado, está".

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