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Nippon pede que CVM investigue a Ternium, sua sócia na Usiminas

Para grupo japonês, os conselheiros da Ternium não buscam os 'melhores interesses' da siderúrgica mineira; acionistas do bloco de controle da empresa brigam na Justiça desde setembro, quando alta cúpula da companhia foi destituída

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães e Monica Scaramuzzo
Atualização:
Briga. Nippon destituiu três executivos da Usiminas, mas Ternium trabalha por readmissão Foto: Clauton de Souza/Estadão

A Nippon Steel e seus integrantes no conselho de administração da Usiminas enviaram ontem um pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de investigação dos "atos da Ternium (subsidiária do grupo ítalo-argentino Techint), assim como dos membros do conselho de administração da Usiminas por ela indicados".

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Em comunicado, o grupo japonês disse que considera que a Ternium, assim como seus conselheiros, não estão agindo em favor dos melhores interesses da Usiminas. Os dois grupos fazem parte do bloco de controle da siderúrgica e se desentendem desde o fim de setembro, quando três executivos da Usiminas, incluindo o presidente Julián Eguren, nomeados pela Techint, foram destituídos de seus cargos. A Ternium alega que houve quebra do acordo de acionistas, uma vez que a decisão deveria ter sido por consenso.

"O esforço do grupo Ternium em tentar readmitir os executivos destituídos, assim como a tentativa de trazer às reuniões do conselho de administração da Usiminas a consultoria prestada à Nippon pelo presidente do conselho de administração, Paulo Penido, reforçam esta postura", afirmou a companhia.

Ao

Estado

, Roberto Vidigal, que preside os negócios do grupo Techint no Brasil e é um dos conselheiros da Usiminas, disse que esse atual movimento da Nippon é defensivo, uma vez que a postura da Nippon está sendo questionada. "Penido atua como funcionário da Nippon, não da Usiminas. Tanto é que deu o voto de minerva para saída dos executivos. Ele também recebe US$ 2,4 milhões da Nippon como consultor", disse.

A Ternium tentou colocar em pauta um pedido de análise do contrato de Penido com a Nippon. O pedido, no entanto, não foi acatado por ter desrespeitado o prazo legal para inclusão de assunto na pauta da reunião, apesar de três conselheiros terem apoiado, apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

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"Sobre o contrato de consultoria existente com o Sr. Paulo Penido, a Nippon Steel informa que o tema já foi seguidamente submetido à CVM. Tanto a autarquia quanto o seu colegiado entenderam que o trabalho de consultoria prestado à Nippon por Penido não tem qualquer influência nos atos praticados pelo executivo no papel de presidente do conselho de administração", informou o grupo japonês, no documento. A companhia disse ainda que esse contrato foi avaliado e aprovado pela própria Ternium, antes de ser firmado.

Vidigal confirmou que a Techint sabia da assessoria prestada por Penido à Nippon, mas entende que a conduta do executivo após o início da disputa entre os dois grupos em setembro é inadequada, uma vez que ele tem de representar os interesses da Usiminas, não da Nippon.

Conflito.

A Nippon disse que está tentando resolver o conflito com sua sócia na Usiminas. A briga entre as duas companhias veio à tona no fim de setembro, quando foi decidida pela destituição de três executivos, que haviam sido indicados pela Ternium. O caso está na Justiça.

A Nippon diz que a prova de que estava buscando um acordo foi que apresentou uma lista de possíveis candidatos para a diretoria executiva nos dias 22 e 29 de setembro, 30 de outubro e 25 de novembro, e informou à Ternium "flexibilidade para discutir os nomes sugeridos e outros possíveis indicados". A Ternium não havia se manifestado sobre o tema até 25 de novembro, quando propôs uma nova lista, que incluía o retorno de um dos executivos destituídos, o Sr. Marcelo Chara. Os dois grupos não chegaram a um consenso acerca de suas listas de candidatos, segundo a Nippon.

Vidigal afirmou que a Ternium também está aberta a negociações, desde que os executivos destituídos voltem à companhia. Os três executivos vão entrar com uma ação civil de improbidade contra a Nippon.

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