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Nissan deve suspender produção em junho por falta de semicondutores

Novo presidente da montadora no Mercosul e diretor-geral da marca no País, Airton Cousseau diz que fornecedores não deram garantia de que terão peças; setor já vinha alertando que segundo trimestre seria o mais difícil para o abastecimento de componentes

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O novo presidente da Nissan Mercosul e diretor-geral da marca no País, o brasileiro Airton Cousseau, disse nesta terça-feira, 25, que a empresa pode ter de paralisar a produção por alguns dias em junho na fábrica de Resende (RJ) por falta de semicondutores.

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O executivo afirmou que até agora a empresa não precisou adotar essa medida, mas ressaltou que a situação atual está "bastante difícil" e a empresa tem por norma não deixar veículos incompletos no pátio.

"Nossos fornecedores (de semicondutores) não deram garantia de que terão peças", afirmou Cousseau, ressaltando que a paralisação pode ocorrer por cerca de cinco dias, talvez não seguidos. A fábrica produz o SUV Kicks e o sedã Versa e emprega cerca de 2 mil funcionários.

Fábrica da Nissan em Resende (RJ) pode ter deparalisar a produção por alguns dias em junho. Foto: Marcos de Paula/Estadão - 26/1/2015

Desde o início do mês, executivos do setor automotivo e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) vêm alertando que o segundo trimestre do ano seria o mais complicado para o abastecimento de componentes eletrônicos, que estão em falta no mundo todo.

Várias montadoras já tiveram de suspender a produção, total ou parcialmente, desde o final de 2020 principalmente em razão da escassez de semicondutores. O produto é fabricado apenas na Ásia, principalmente em Taiwan, e a falta atinge montadoras do mundo todo.

Os fornecedores alegam que a retomada da produção de vários segmentos da indústria, inclusive o automotivo, ocorreu mais rápido que o esperado após a primeira onda da pandemia de covid-19 e que as fábricas não estão dando conta de atender toda a demanda.

No Brasil, a empresa que tem mais problemas é a General Motors, que está com a produção parada desde abril na fábrica de Gravataí (RS), e com perspectivas de retorno apenas em julho e nesta tarde anunciou que também suspenderá a produção na unidade de São Cartano do Sul (SP0 por seus semanas a partir de 21 de junho.

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Nacionalização de peças

O brasileiro Cousseau viveu 18 anos fora do País e assumiu o comando da Nissan na região no dia 17 deste mês, em substituição a Marco Silva, que deixou o grupo para assumir o comando de outra companhia japonesa, a Nidec Corporation, nos Estados Unidos.

Um dos seus objetivos é aumentar a nacionalização de componentes, medida que, em sua opinião, ajudará a reduzir custos e melhorar a competitividade do carro brasileiro para exportação. A empresa atualmente exporta cerca de 10 mil veículos ao ano para Argentina e Uruguai, mas acha possível conquistar contratps em países como Chile e Peru, que são abastecidos pela Nissan do México.

A fábrica de Resende tem capacidade para produzir 200 mil automóveis ao ano em três turnos, mas opera bem abaixo desse volume, com apenas um turno de trabalho.  "Precisamos ser competitivos e, para isso, precisamos ter 70% das peças em moeda local", informa o executivo. Significa que aspeças adquiridas de fornecedores locais tenham menos conteúdo importado também. Por essa conta, os carros da marca hoje tem 40% de conteúdo local.

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Ele acredita ser possível chegar a esse índice, principalmente porque Nissan e Renault, que fazem parte da mesma aliança, começaram a compartilhar a compra de componentes. 

Outro desafio de Cousseau é tornar a marca líder em vendas de veículos elétricos, mas, ao contrário de vários executivos, ele não defende subsídios para a compra desse tipo de veículo, como ocorre por exemplo na China e na Europa.

O executivo, contudo, acredita que o mercado brasileiro "está mais perto" de ter uma solução com uso de etanol em carros a célula de combustível  - estudo que a Nissan desenvolve no País há alguns anos - do que ter o carro 100% elétrico.

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