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No ABC, pátios lotados de carros à espera de comprador

Por e Antonio Milena
Atualização:

Vista de cima, a região de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde estão concentradas quatro das principais montadoras do País, parece um gigantesco estacionamento de carros e caminhões. Todos os espaços dos pátios, inclusive áreas de terra batida, estão ocupados por veículos novinhos à espera de compradores. Veja galeria de fotos Pátios e avenidas que circulam as fábricas também estão lotados na General Motors de São José dos Campos (SP) e de Gravataí (RS). A unidade de São Caetano do Sul, vizinha a São Bernardo, terceirizou o serviço e guarda os veículos em transportadoras. A mineira Fiat alugou a pista do aeroporto de Oliveira, a 162 quilômetros de Belo Horizonte, para acomodar 2 mil carros que não cabem no terreno da fábrica em Betim. O aeroporto não está em operação. Na Mercedes-Benz, maior fabricante de caminhões e ônibus do País, os portões de recebimento de peças e matéria-prima foram fechados no dia 8 sem aviso prévio. "Quem chegou lá com carga para entregar teve de voltar para trás", conta um fornecedor. No início do mês, as montadoras brasileiras contabilizavam estoques de 305 mil veículos nas fábricas e nas revendas, suficientes para dois meses de vendas. As próprias empresas calculam em R$ 12,2 bilhões o ativo imobilizado nos pátios, levando-se em conta o preço de R$ 40 mil por veículo, uma média entre o valor de um carro popular e um caminhão. Na quinta-feira, o governo federal anunciou medidas para ajudar a movimentar o mercado. A alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos modelos com motor 1.0, que é de 7%, foi zerada. Para modelos 1.4 a 2.0 houve redução de 50% nas taxas, que caíram para 5,5% e 6,5% para versões flex e a gasolina. Picapes também foram beneficiadas com a medida que vai valer até março. Até setembro, quando as montadoras batiam sucessivos recordes de vendas, os estoques giravam em 20 a 25 dias e havia filas de espera para vários modelos. Em outubro, quando o Brasil começou a sentir os efeitos da crise internacional, as vendas de carros novos caíram 11% em relação ao mês anterior. Em novembro, o tombo foi ainda maior, de 25%. Nos primeiros dez dias de dezembro, o ritmo de queda nas vendas diária estava em quase 10%. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, aposta que as medidas do governo, que incluem redução de IOF e da alíquota do Imposto de Renda, vão ajudar a turbinar o mercado. "Acredito que haverá uma retomada do nível de atividade econômica, ainda que em menor intensidade do que tínhamos até setembro", diz. A maior expectativa das montadoras é sobre o ritmo de atividade que as fábricas terão de adotar a partir de janeiro, quando milhares de trabalhadores retornam das férias coletivas. Ninguém faz projeções. "Estamos evitando prognósticos pois nunca vi um nível de incerteza tão grande", justifica o presidente da Ford do Brasil, Marcos de Oliveira. Para ele, se as vendas em 2009 empatarem com 2008 já estará muito bom. Até pouco tempo, a aposta era de crescimento de 5% a 10%.

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