Publicidade

No Brasil, crise leva Citi a vender Redecard

Banco deverá se desfazer de 17% da empresa por meio de oferta pública

Por Leandro Mode
Atualização:

Depois de deixar a Brasil Telecom (BrT) e vender o controle do Metrô do Rio de Janeiro, o Citibank vai se desfazer da participação de 17% na processadora de cartões de crédito e débito Redecard. A informação, divulgada ontem pelo Wall Street Journal, foi confirmada pela própria Redecard. O banco, que já foi o maior do mundo, enfrenta a mais grave crise de sua história, corre o risco de ser estatizado pelo governo dos Estados Unidos e tenta fazer caixa de todas as formas. "(A Redecard) foi informada por seu acionista Banco Citibank de sua intenção de potencialmente realizar uma oferta pública secundária de ações ordinárias de emissão da Redecard de sua titularidade", informou a empresa, em comunicado. Em português, significa que o Citi venderá sua fatia provavelmente por meio de uma oferta pública de ações. O Citibank divulgou uma nota curiosa. "Não podemos nos manifestar sobre o assunto, mas confirmamos o conteúdo do fato relevante divulgado hoje (ontem) pela Redecard", informou, por intermédio de sua Assessoria de Imprensa. A analista Laura Lyra Shuch, da Ativa Corretora, disse que há, ainda, outras duas possibilidades. A primeira é a venda para o outro acionista da Redecard, o Itaú-Unibanco. Antes da fusão, cada instituição tinha uma parcela de 23,21% na Redecard. Agora, juntas, detêm 46,42%. O restante está no mercado (a Redecard tem capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo). "Por lei, antes de fazer uma oferta pública, o Citi tem de consultar o Itaú-Unibanco", explicou Laura. A terceira possibilidade é a venda para alguma outra companhia. "Mas é difícil alguém comprar uma parcela de 17% de uma empresa", ponderou o analista de bancos da Spinelli Corretora, Jayme Alves. Segundo Laura, uma prova de que o mercado dá como certa a oferta pública é o comportamento das ações da Redecard na Bovespa ontem. Os papéis ordinários (ON) despencaram 7,53%. "A operação criará um overhang", disse, usando uma expressão do mercado financeiro que significa excesso de oferta. "A Redecard é uma empresa redondinha, mas não há como evitar uma desvalorização de suas ações porque a quantidade de papéis em circulação crescerá muito." O Itaú-Unibanco, por meio da Assessoria de Imprensa, disse que não comentará o assunto. Mas o Estado apurou que a instituição não deve aumentar sua fatia na Redecard porque, na prática, já tem o controle da empresa. Nas contas de Laura, o Citibank pode arrecadar cerca de R$ 2,5 bilhões com a venda. "O valor de mercado da Redecard é de R$ 18 bilhões. A parcela de 17% equivaleria a cerca de R$ 3 bilhões, mas é preciso considerar um desconto por causa da provável venda ser feita por meio de oferta pública", explicou. A Redecard teve lucro líquido recorrente (cálculo que exclui efeitos extraordinários) de R$ 1,1 bilhão no ano passado, o que representou um crescimento de 43,4% em relação a 2007. A margem líquida foi de 42,6%, ante 37,6% em 2007. A filial brasileira do Citi tem sido alvo constante de rumores. Mas, em visita ao País, em novembro, o presidente mundial do grupo, Vikram Pandit, descartou a venda da operação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.