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No Brasil, metalúrgicos querem ''guerra'' contra demissões

Sindicato do ABC diz que montadoras ganharam muito dinheiro no País

Por Paulo Justus
Atualização:

A indústria automobilística tem condições de manter os empregos no Brasil, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC). "Vamos fazer a guerra que tiver de ser feita para defender os empregos", afirma Sérgio Nobre, presidente da entidade. O sindicato divulgou ontem um levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que compara a evolução das receitas e do emprego na cadeia automotiva. O estudo mostra um descompasso entre esses dois itens. Enquanto nas fábricas de autopeças o faturamento cresceu 300% nos últimos seis anos e chegou a US$ 44 bilhões, no mesmo período, o nível de emprego subiu 40%. Nas montadoras, a pesquisa mostrou um crescimento de 84% na produção nacional entre 2002 a 2008. O emprego nessas fábricas subiu 38% no mesmo período. O Dieese considerou os dados até outubro para fazer a estimativa de 2008. Nobre diz que as empresas podem utilizar férias coletivas e licenças remuneradas até que os rumos da economia se definam. Segundo ele, cortes antecipados podem levar a uma onda de demissões. De acordo com o Dieese, para cada demissão em montadora, ocorrem mais 47 em outras empresas da cadeia produtiva. A pesquisa mostrou também o índice de rotatividade na categoria, considerado elevado por Nobre. Em média, 30% da categoria foi trocada anualmente nos últimos cinco anos. "Isso prova a banalização das demissões no Brasil", diz Nobre. No Paraná, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) anunciou ações contra demissões nas montadoras Volvo, Renault, Nissan e Volkswagen. O presidente da entidade, Sérgio Butka, disse que vai suspender as homologações no sindicato, até que as empresas se justifiquem ou proponham alternativas. "As empresas estão demitindo sem procurar uma atitude mais amena", diz. Amanhã, as confederações de metalúrgicos da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores vão se reunir em São Paulo para fazer um diagnóstico da categoria e estabelecer uma resposta conjunta.

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