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No cinema, em busca de emprego

Desempregados da CSN procuram uma nova chance em salas da cidade

Por Vinicius Neder (texto) , Marcos Arcoverde (fotos) e Enviados Especiais a Volta Redonda
Atualização:
  Foto: MARCOS ARCOVERDE | ESTADÃO CONTEÚDO

Na quinta-feira de manhã, os desempregados que passavam pelos pilotis do Cine 9 de Abril, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, eram trabalhadores especializados em construção e montagem industriais, que cruzam todo o País em busca de trabalho temporário na construção de grandes empreendimentos, os chamados “trecheiros”. Geralmente, eles são contratados por períodos de alguns meses, como temporários.

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Emprego nessas atividades não está fácil, por causa do tombo nos investimentos em meio à recessão e por causa da operação Lava Jato, que atinge em cheio as empreiteiras, principais contratantes do setor.

O Cine 9 de Abril não é ponto de encontro de trabalhadores à toa. A sala de cinema foi construída pelo Clube de Funcionários da CSN, hoje independente da empresa – e ainda pertence a ele. Operários trocam informação sobre oportunidades de trabalho por ali pelo menos desde a década de 1970, conta o aposentado Eli Fernandes.

O operador de maçarico Antônio Carlos Armando, de 59 anos, não encontra trabalho “direito” desde a construção da unidade de aços longos da CSN, em 2013. Assim como Armando, o mecânico Paulo Ferreira Lopes Jr., de 52 anos, vem vivendo de bicos – até como jardineiro, ofício que acabou aprendendo. A última obra grande em que trabalhou foi na reforma de uma plataforma em Macaé, litoral norte do Rio, principal base da indústria petroleira, encerrada em 2014.

“A Lava Jato está lavando a turma aqui de baixo”, resumiu Roberto Oliveira, eletricista de 55 anos, que tomou a decisão de buscar trabalho em outro Estado.

Oliveira e outros “trecheiros” desempregados em Volta Redonda reclamam da Prefeitura e do sindicato de trabalhadores da construção pela falta de políticas para priorizar a contratação de trabalhadores locais nas obras em Volta Redonda. Na porta da sede da mineira Reframax Engenharia, uma das contratadas para tocar a reforma do alto-forno 2 da CSN, que gerará 800 empregos, desempregados reclamavam que apenas trabalhadores de fora tinham currículos fichados.

Segundo o secretário de Desenvolvimento de Volta Redonda, Jessé de Hollanda Cordeiro Jr., editar leis dificultando a contratação de trabalhadores de fora, como pleiteiam alguns dos desempregados, é inconstitucional. Para ajudar quem busca emprego, a Prefeitura mantém um portal na internet com 300 mil currículos e 700 empresas contratantes cadastradas. Além disso, oferece cursos em parceria com as empresas, que já treinaram 2 mil trabalhadores.

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