Publicidade

No Distrito Federal, produtor quer ampliar área de trigo

Fabrício Marchese faz rotação de culturas com milho e soja e espera colher 90 sacas por hectare

Por
Atualização:

BRASÍLIA - Parte dos produtores do trigo tropical está na região do PAD-DF, o Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal, implantado no fim dos anos 70 pelo governo local para submeter áreas rurais até então inexploradas a processos produtivos. Localizada a cerca de 80 quilômetros de Brasília, a região é um polo agrícola. O produtor rural Fabrício Marchese, de 46 anos, recebeu a reportagem do Estadão em cima do trator com piloto automático que usava para lançar sementes de soja em uma área da propriedade de 400 mil hectares que possui no PAD-DF. O terreno em preparação fica ao lado dos 30 hectares do trigo que cultiva, quase na divisa com Goiás, em uma modalidade que para ele ainda é experimental.

Enquanto os triticultores da região já colheram os grãos, Marchese aguarda a fase final da maturação. Em vez de maio, como os demais, plantou em junho a semente do tipo 254, entre as safras de milho e soja. É uma estratégia para abastecer o solo com novos nutrientes e fazer renda extra. “Quando muda a estação, o dia fica longo e encurta o ciclo. O ciclo de 120 dias passa a ser de 100. A gente faz uma rotação de cultura a curto prazo e eu faço mais uma safra. Além de dar uma rentabilidade boa, ajuda no solo. A produção de soja melhora, tudo melhora.”

Alvo. Segundo Marchese, ciclo mais curto ajuda na colheita Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

A previsão é colher 90 sacas por hectare, o dobro da média nacional. Caso confirmada a expectativa, o produtor deve ampliar os campos de trigo na entressafra de suas culturas principais no ano que vem.

Tudo o que colhe vai direto para a cooperativa dos produtores rurais da região, instalada nas redondezas. Lá, o trigo vai para silos capazes de armazenar cerca de 250 mil sacas, até ser moído, tratado, peneirado e embalado. “É como lapidar um diamante”, explica o gerente de produção Rômulo Pereira. Por mês, a Coopa-DF processa 1 milhão de quilos de farinha, produto que vai para moradores do DF, Goiás e Minas Gerais. 

Para o chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, a última barreira para o avanço do trigo tropical é a brusone, doença causada pelo fungo Pyricularia grisea que tem como sintoma mais comum o branqueamento de parte da espiga começando no ponto de infecção.

“Se resolvermos o problema da brusone, estamos a passos largos para mudar a geopolítica do trigo no mundo. O Brasil pode não só ser autossuficiente, mas exportador. Esse é o grande desafio da pesquisa, e acho que estamos muito próximos disso.” 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.