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No embalo dos alimentos, vendas de adubos sobem 17,9%

Por ROBERTO SAMORA
Atualização:

As vendas de fertilizantes no Brasil cresceram 17,9 por cento no primeiro trimestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2007, para um recorde de 5,42 milhões de toneladas, informou a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) nesta quinta-feira. Em meio a estoques internacionais baixos dos principais grãos, enquanto cresce o consumo para alimentação e para a fabricação de biocombustíveis, os agricultores brasileiros estão investindo nas lavouras para produzir mais, com o objetivo de aproveitar os elevados preços das commodities. "Há uma euforia por produtividade agrícola", afirmou o diretor-executivo da Anda, Eduardo Daher, em entrevista por telefone. Segundo ele, o resultado do trimestre se explica pelas boas vendas registradas para os agricultores que investiram no milho segunda safra (safrinha), cujo plantio foi finalizado recentemente, e também em função de uma antecipação de compras para a safra de verão, que responde pela maior parte da produção nacional de grãos, com a semeadura realizada só a partir do segundo semestre. "Evidentemente, aqui está a demanda da safrinha de milho, das culturas de inverno em janeiro e fevereiro, e tem também uma notória antecipação de compras da safra de verão", destacou. Daher lembrou que o produtor está repetindo neste ano uma estratégia que foi bem-sucedida em 2007. "Quem antecipou as compras no ano passado fez um bom negócio porque os preços continuaram se elevando, e há um receio de que se repita a dose." Além disso, ter o adubo numa época de preços voláteis e elevados das commodities, que acabam arrastando os custos com fertilizantes, é uma maneira de se proteger. "Mesmo não sendo necessária a adubação agora (no caso da safra de verão), o agricultor faz como se fosse um hedge, com receio dos aumentos, uma vez que os preços são dolarizados." Apesar do forte crescimento no trimestre, o setor ainda mantém as previsões para o ano de um crescimento de 1 milhão de toneladas na comparação com as entregas registradas em 2007, ou cerca de 4 por cento, para 25,6 milhões de toneladas. "O mercado deve crescer em um número parecido com o PIB...", declarou ele, lembrando que "ninguém imagina mais do que isso", porque está havendo uma análise criteriosa de crédito, uma vez que boa parte dos agricultores carrega dívidas de safras passadas. TARIFAS Segundo a Anda, o Brasil está sendo prejudicado pela imposição de tarifas de exportação por importantes países fornecedores de fertilizantes, como a Rússia e a China. "O Brasil não é um comprador habitual da China, é esporádico... De tal forma que não nos afeta diretamente, mas nos afeta indiretamente, na medida em que a China não exportando para Índia, ela vai buscar uréia na Rússia, ou seja, haverá seguramente um encarecimento das matérias-primas." A Rússia é um dos principais fornecedores de fertilizantes para o Brasil. Para Daher, essa maior demanda no mercado internacional que tem elevado os custos com o produto não justifica construção de novas unidades de adubos no Brasil, pois essa tarifação tem caráter provisório e o tempo para o desenvolvimento de um projeto de fertilizantes é longo. As importações de fertilizantes pelo Brasil, o quarto consumidor mundial do produto, somaram 4,148 milhões de toneladas no primeiro trimestre, contra 3,5 milhões no mesmo período do ano passado. Já a produção nacional cresceu 6 por cento, para 2,242 milhões de toneladas no período.

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