Depois de passar a quinta-feira inteira surfando na alta das commodities, a Bolsa de Valores de São Paulo não resistiu à intensificação das perdas de Wall Street e reverteu nos últimos minutos do pregão. O Ibovespa caiu 1,24 por cento, para 38.519 pontos. No melhor momento, o principal índice da bolsa paulista chegou a subir mais de 2 por cento. A volatilidade calibrou o giro financeiro para 4,56 bilhões de reais. Na maior parte da sessão, a tônica dos transações foi a combinação de forte alta das commodities com a expectativa em torno dos planos do governo dos Estados Unidos para animar a economia abalada pela crise. Ao longo do dia, entretanto, sinais de que o socorro às montadoras de veículos aprovado na quarta-feira pela Câmara estava encontrando dificuldades no Senado ofuscou o otimismo. "Mesmo com notícias importantes no cenário doméstico, o investidor seguiu se orientando pelas bolsas internacionais", disse Rodney Otero Melhados, analista da corretora Planner. O ânimo dos investidores deteriorou de vez depois que o presidente do JPMorgan Chase declarou que a instituição está registrando resultados "terríveis" nos últimos meses do ano, trazendo de volta preocupações com a solidez do setor financeiro no país. Na bolsa paulista, ações de bancos e de empresas ligadas a commodities metálicas que vinham figurando na ponta de alta, mudaram de mão e fecharam o dia entre as que mais perderam. Gerdau perdeu 4,4 por cento, para 15,80 reais. Banco do Brasil despencou 4,3 por cento, a 15,60 reais. A queda do Ibovespa não foi ainda maior porque o carro-chefe da bolsa paulista, Petrobras, acompanhou a disparada de cerca de 10 por cento do barril de petróleo e subiu 1,78 por cento, a 22,33 reais. No Brasil, o governo anunciou um conjunto de medidas para estimular a economia, incluindo cortes de impostos que implicarão em renúncia fiscal de mais de 8 bilhões de reais, além de autorizar o uso das reservas internacionais do Banco Central para empréstimos a empresas domésticas que precisarem pagar empréstimos internacionais vincendos em 2009. "As medidas são boas, mas não retomam a confiança do consumidor. Pode haver um certo fôlego passageiro, mas o impacto só virá a partir do ano que vem", disse Miguel Daoud, diretor da Global Financial Advisor. Algumas ações de empresas ligadas a consumo subiram forte. Lojas Renner deu um salto de 7,4 por cento, para 15,90 reais. B2W avançou 6,2 por cento, valendo 26,40 reais.