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No FMI, Mantega critica erros de 'países-modelos'

Por Nalu Fernandes
Atualização:

Enquanto a crise atual revela sérias fraquezas sistêmicas e erros graves de política em países que eram considerados modelos, o mundo assiste a tudo estarrecido, afirmou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que estabelece as estratégias do Fundo Monetário Internacional, na sede em Washington. O ministro, no comitê que reúne os ministros e os banqueiros centrais de 24 países, criticou o FMI por "não ter dedicado atenção suficiente aos principais centros financeiros", pediu um novo instrumento de liquidez para emergentes que estejam enfrentando choques em contas de capital e destacou o papel do Estado para restaurar a confiança "estilhaçada" durante a crise. Mantega enfatizou que é possível dizer que a responsabilidade de evitar uma recessão mundial "passou para as mãos dos países em desenvolvimento". Em alguma medida, os países em desenvolvimento "terão de neutralizar as forças recessivas oriundas do mundo desenvolvido", disse o ministro da Fazenda. "É claro que há limites para o que podemos fazer", afirmou, acrescentando que a solução da crise depende do "sucesso das políticas que foram e serão implementadas pelos países avançados". "Apesar disso, teremos provavelmente que desempenhar um papel anticíclico no atual quadro econômico mundial." Sobre o novo instrumento de liquidez, o ministro reconhece que a Diretoria Executiva do Fundo tem debatido a criação do mecanismo, mas diz que isso está progredindo "muito lentamente". "Espero que a criação de um novo instrumento de liquidez continue a ser examinada após a Reunião Anual e venha a ser aprovada pela Diretoria Executiva o mais cedo possível." Tal instrumento seria nova linha de crédito de acordo com as necessidades do país. Este seria um passo na adaptação do Fundo a um ambiente de grandes fluxos internacionais de capital e operações altamente alavancadas, disse o ministro. "O Fundo precisa ir além de sua posição tradicional de oferecer instrumentos rígidos."

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