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No G-20, Bolsonaro critica 'frases demagógicas' e diz que continuará protegendo Amazônia

Organizada pela Arábia Saudita, edição atual do encontro do G20 ocorre por meio virtual, em função da pandemia do novo coronavírus

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Iander Porcella
Por Fabrício de Castro , Célia Froufe (Broadcast) e Iander Porcella (Broadcast)
Atualização:

Em meio às críticas internacionais ao desmatamento no Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, fez neste domingo, 22, um discurso de defesa de sua política ambiental, durante a cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do planeta). Bolsonaro criticou as "frases demagógicas" sobre a questão e afirmou que o governo continuará protegendo a Amazônia, o Pantanal e todos os biomas. 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante encontro virtual do G-20 Foto: Marcos Corrêa/PR

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O discurso de Bolsonaro ocorreu em uma sessão da cúpula voltada para a sustentabilidade. Organizada pela Arábia Saudita, a edição atual do encontro do G-20 ocorre por meio virtual, em função da pandemia do novo coronavírus. Bolsonaro falou a partir do Palácio do Planalto, em Brasília.

Nos últimos meses, o mundo tem olhado para a agenda ambiental brasileira por causa das polêmicas em torno da administração das florestas tropicais, em especial da Amazônia. Investidores internacionais já ameaçaram retirar recursos do País, caso o governo brasileiro não amplie a proteção ambiental. Algumas cadeias varejistas gigantes, principalmente da Europa, também têm condicionado a continuidade das compras de produtos brasileiros a certificações de origem das matérias-primas.

Preocupado com o cenário, o Itamaraty pediu a seus embaixadores e demais diplomatas no Exterior que tivessem uma postura mais proativa em relação à imprensa internacional, para passarem aos veículos de comunicação dados oficiais.

Em seu discurso no G-20, Bolsonaro afirmou que iria apresentar a "realidade dos fatos". Segundo ele, o Brasil está disposto a buscar novos acordos comerciais com outros países e a assumir "novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade".

"Ao mesmo tempo em que buscamos maior abertura econômica, estamos cientes de que os acordos comerciais sofrem cada vez mais influência da agenda ambiental", reconheceu o presidente.

Em sua fala, Bolsonaro procurou fazer a defesa do Brasil na área de sustentabilidade. Ao abordar o crescimento da agricultura nas últimas décadas, ele pontuou que "essa verdadeira revolução agrícola no Brasil foi realizada utilizando apenas 8% de nossas terras. Por isso, mais de 60% de nosso território ainda se encontra preservado com vegetação nativa".

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Em outro momento, o presidente afirmou que o esforço na área de sustentabilidade deve estar concentrado na redução das emissões de carbono. "No cenário mundial, somos responsáveis por menos de 3% da emissão de carbono, mesmo sendo uma das dez maiores economias do mundo", disse. "Por isso, também nesse aspecto, mais uma vez tenho orgulho de dizer que o Brasil possui a matriz energética mais limpa entre os países integrantes do G-20."

Estes comentários de Bolsonaro surgem em um ano marcado por crises na área ambiental. Em outubro, o Pantanal brasileiro foi atingido por milhares de focos de incêndio, em uma tragédia que repercutiu internacionalmente. Na metade do ano, a Amazônia também foi atingida por uma onda de incêndios florestais.

No G-20, Bolsonaro defendeu a união entre conservação ambiental e prosperidade econômica e social. "O que apresento aqui são fatos, e não narrativas", afirmou, sem dizer claramente a quem se referia. "São dados concretos e não frases demagógicas que rebaixam o debate público e, no limite, ferem a própria causa que fingem apoiar", acrescentou.

Redes sociais

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Durante a reunião do G-20, Bolsonaro fez uma postagem no Twitter. Ele publicou um vídeo em que um gigante é atacado ao tentar defender uma pequena cidade de uma rocha. O vídeo, baseado na cena de um filme, é também uma analogia a uma publicação feita nas redes sociais por apoiadores do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, há um ano.

"BOM DIA A TODOS. Estou agora em reunião com o G-20", escreveu o presidente na publicação. O vídeo, que é um trecho do curta-metragem "Inércia", lançado em 2014, mostra um gigante correndo para tentar impedir que uma rocha atinja uma cidadezinha medieval à beira-mar.

Quando a criatura consegue segurar a pedra, esbarra sem querer em uma construção, que desaba. Nesse momento, ele começa a ser atacado pela cidade e, desapontado, acaba deixando a rocha destruir o que sobrou. A publicação também foi feita no Twitter do ministro das Comunicações, Fábio Faria. "Precisamos apoiar e ajudar esse gigante", escreveu Faria.

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O mesmo vídeo foi divulgado por apoiadores de Modi em 2019. Ao final da exibição, aparece uma mensagem de apoio ao primeiro-ministro indiano. "Uma pessoa está indo muito bem, mas ainda assim a nação está culpando-o. Um dia, depois de os limites serem ultrapassados, ele pode perder o interesse", diz um trecho. "Isso é exatamente o que está acontecendo em nosso país e a pessoa a quem estamos nos referindo aqui não é outra senão nosso amado primeiro-ministro #NarendraModi."

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