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No Natal, consumidor prefere pagar à vista

Segunda parcela do 13º e temor com gastos extras de início do ano explicam a opção

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Por Márcia De Chiara
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No último fim de semana antes do Natal e com a segunda parcela do 13.º salário no bolso, o paulistano foi às compras e optou pelo pagamento à vista ou, no máximo, em duas ou três vezes no cartão de crédito. Roupas, calçados e acessórios foram os itens preferidos do consumidor, que enfrentou dificuldades para encontrar alguns brinquedos."Boneco Ben 10 em cartela, Barbie Piscina e H2O, a caverna do Batman do Imaginext e o jogo do Super Banco Imobiliário já não têm mais", contou a gerente da loja B Mart do Shopping Center Norte, Joelma Barbosa. Segundo ela, será difícil repor esses itens antes do Natal porque são importados.Na tarde de sábado, a loja que é uma das grandes revendas de brinquedos, estava lotada, com os clientes gastando, em média, R$ 79, um pouco a mais que no Natal de 2009, e pagando à vista. "Mais da metade das nossas vendas são quitadas em dinheiro ou cartão de débito", disse Joelma.O medo de acumular as dívidas de fim de ano com as tradicionais de janeiro, pagamento de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) deixou o consumidor com um pé atrás com os planos longos de pagamento."No começo do ano tem seguro, IPVA e aqueles impostos que a gente sempre esquece. Por isso, prefiro pagar à vista com cartão de débito", disse o designer Roberto Mariano Pereira, de 49 anos, que fazia neste fim de semana as compras de Natal com a namorada Fernanda Miguel Fontes, de 32 anos, no Shopping Center Norte. "Neste ano vou gastar entre R$ 800 e R$ 1 mil. Vamos dar presentes só para as crianças."A preferência do consumidor pelo pagamento à vista já apareceu nas estatísticas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Na primeira quinzena deste mês, as consultas para compras com pagamento à vista aumentaram 16,2% em relação a igual período de 2009 e superaram a taxa de crescimento para as vendas financiadas, que foi de 10,9% nas mesmas bases de comparação.O que se nota neste mês é uma mudança do comportamento do consumidor. É que, desde o começo do ano, a taxa de crescimento das vendas a prazo vinha a cada mês superando o aumento nas vendas à vista.Para o superintendente da ACSP, Marcel Solimeo, essa mudança de padrão de pagamento pode ter sido influenciada por três fatores. O primeiro deles seria o recebimento da segunda parcela do 13.º salário. Com dinheiro na mão, a opção preferencial seria pelo pagamento à vista. O segundo fator seriam as medidas de aperto do crédito recentemente adotadas pelos Banco Central (BC), como o aumento dos depósitos compulsórios, que podem estar tendo efeito no crediário.Vestuário. O último fator que estaria influenciando o maior volume de vendas à vista seria, na opinião do economista, a preferência do consumidor pela compra de roupas e calçados neste fim de ano. Pesquisa da ACSP/ Ipsos revela que 76% dos paulistanos pretendem comprar roupas, calçados e acessórios com o 13.º salário e, normalmente, esses itens são pagos à vista ou parcelados em poucas vezes.A psicóloga Clotilde Bueno Tardivo, que ontem fazia compras com a filha Tatiana na rua Oscar Freire, disse que pretendia comprar mais roupas neste fim de Natal. Mas notou que os preços subiram. A mesma bermuda que ela pagou R$ 150 em 2009 hoje custa R$ 250.

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