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No Senado, Meirelles defende metas de inflação

Segundo o presidente do Banco Central, que faz exposição na Comissão de Assuntos Econômicos, sem esse regime de metas, a economia se desorganiza

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender nesta terça-feira, 27, o regime de metas de inflação, em sua exposição na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Segundo ele, o descontrole de preços resulta em aumento de incertezas e a falta de previsibilidade faz com que os agentes econômicos e as famílias passem a defender os interesses próprios, no curto prazo, o que desorganiza a economia. Meirelles apresentou exemplos de bancos centrais de outros países que também adotam o regime de metas para manter a estabilidade dos preços. Segundo o presidente do BC, mesmo em países como os Estados Unidos, em que existem várias metas, já é consenso que a maneira como o Banco Central pode contribuir com os outros objetivos - como geração de emprego - é mantendo a inflação na meta. De acordo com ele, nos países que têm meta única, o cumprimento da meta é o critério para se medir o sucesso do BC. Ele disse que o Brasil ainda tem uma experiência recente no controle da inflação. Lembrou que, depois de 1994, quando houve queda do patamar inflacionário no País, ainda houve picos inflacionários em 1999, 2002, 2003 e, em menor escala, no final de 2004 e de 2005. Meirelles considera necessário que haja previsibilidade no quadro inflacionário para que o País possa ter um crescimento econômico sustentável. "Países com inflação baixa têm precondição para crescer", afirmou. "Quando a inflação cresceu, nesses períodos, teve uma diminuição do PIB." Entretanto, Meirelles disse que no Brasil ainda persistem mecanismos de indexação na economia. Juros O presidente do BC disse, em resposta aos comentários do presidente do CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que o importante é analisar os resultados da política monetária neste momento de acerto monetário mundial. Segundo Meirelles, o Banco Central do Brasil tem conseguido reduzir os juros num momento em que vários países estão parados ou elevando as suas taxas. Ele disse que o Brasil conseguiu reduzir a diferença entre as taxas de juros brasileiras e as norte-americanas. Em setembro de 2005, observou, a diferença era de 16,25%, e, em fevereiro deste ano, é de 7,75%. Meirelles afirmou que o fato de a inflação em 2006 ter ficado abaixo da meta central significa o que acontece em qualquer país quando há choque positivo de preços. "O Brasil está absolutamente condizente com os países que têm regime de metas de inflação", se defendeu o presidente do BC, após as colocações de Mercadante de que a inflação não pode ficar por muito tempo abaixo do centro da meta. "O Banco Central concorda em que há um cenário positivo. Tanto, que reduziu os juros quando a maior parte do mundo está parada ou aumentando os juros. O Copom (Comitê de Política Monetária, do BC) também considera que a preservação das conquistas se tornou importante", disse Meirelles, para justificar a decisão do BC de reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 13% ao ano) - de 0,50 ponto porcentual para 0,25 ponto porcentual. Ele lembrou que a ata do Copom afirmou que o Banco Central, naquele ocasião (há pouco mais de 30 dias), considerou o estímulo já existente à demanda agregada. "Achamos que faz parte da boa política monetária", afirmou. Segundo o presidente do BC, a redução do ritmo de queda da Selic aumenta a probabilidade de crescimento da magnitude dos cortes futuros. Carta Meirelles respondeu a uma outra crítica de Mercadante, que havia lido trecho de uma carta aberta do BC enviada ao CMN (Conselho Monetário Nacional). No trecho, o BC afirma que uma desinflação muito rápida provocaria uma queda do PIB (Produto Interno Bruto). O presidente do BC explicou que a carta foi elaborada em um momento distinto do atual. Lembrou que, em maio de 2003, a inflação era de 17%, e a meta de inflação era de 4%. "Era uma desinflação muito agressiva, e, então, propusemos ao CMN uma trajetória mais suave", relatou. Fiscalização O presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse, antes de Meirelles iniciar a exposição, que a presença do presidente do BC vem ao encontro das discussões na comissão sobre mudança da metodologia de fiscalização da CAE na execução da política monetária. Segundo Mercadante, a política do governo é de êxito, mas exige uma discussão periódica. Meirelles respondeu dizendo que também acredita que um dos pilares básicos do regime de metas de inflação é a sua transparência e comunicação à sociedade e que nada melhor do que prestar essas informações à CAE. Matéria alterada às 13h15 para acréscimo de informações

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