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Noble pode fazer novas aquisições no País

Trading asiática comprou usinas de açúcar e etanol do Grupo Cerradinho neste ano

Por Eduardo Magossi
Atualização:

Com a aquisição de duas usinas de açúcar e etanol do Grupo Cerradinho, a trading asiática Noble Group deu um novo passo para a diversificação de suas operações no Brasil, além de se consolidar definitivamente no setor sucroalcooleiro. O presidente mundial da Noble, o brasileiro Ricardo Leiman, não afasta a possibilidade de novas aquisições. Mas, segundo ele, 2011 será um ano para consolidar os investimentos que estão sendo feitos no Brasil. "Foram US$ 2 bilhões investidos nos últimos quatro anos", afirma Leiman. Nesse total, encontram-se os US$ 950 milhões pagos pelas usinas do Grupo Cerradinho e também os US$ 200 milhões que estão sendo investidos na construção de uma esmagadora de soja e usina de biodiesel em Mato Grosso. Além disso, a Noble está presente no setor de café, com seis armazéns próprios na região de Alfenas, em Minas Gerais, armazéns de algodão na Bahia e de soja e milho em Mato Grosso. A trading também inaugurou no início deste ano seu terminal portuário em Santos, litoral paulista, preparado para o embarque de grãos e açúcar. Outro terminal portuário, para combustíveis líquidos, foi inaugurado em Itaqui, no Maranhão. "A Noble também está presente no setor de fertilizantes, onde teremos uma produção de 750 mil toneladas em três anos, e na mineração de ferro", acrescenta. Leiman afirma que o Brasil é um país estratégico para a Noble em virtude do baixo custo de produção de commodities. "Temos um baixo custo operacional na cadeia de suprimentos do Brasil, o que facilita a originação de produtos brasileiros para países que registram alto crescimento na demanda", diz. Produção. O setor sucroalcooleiro é o primeiro em que a Noble entrou também na produção da commodity, além da comercialização. Segundo o executivo, nas duas usinas que a empresa já comanda, a Meridiano e a Noroeste Paulista, e nas duas adquiridas do Grupo Cerradinho, a Catanduva e a Potirendaba, a Noble conta com 65% de cana própria. "Não temos plantações de café nem de grãos no Brasil, mas produzimos grãos na Argentina, Uruguai e África do Sul", informa. Em relação à comercialização, a Noble está entre os cinco principais grupos dos setores de café, algodão, soja, milho e açúcar/etanol do Brasil. O executivo explica que a negociação com o Grupo Cerradinho foi rápida, mas nos próximos dois meses será realizado uma due diligence (avaliação das informações e documentos da empresa comprada). "Não esperamos encontrar surpresas no processo de análise de ativos das usinas adquiridas", diz ele. A Noble já estava procurando aumentar sua participação no setor sucroalcooleiro há mais de um ano. "Chegamos a participar da licitação para a compra da Equipav, por exemplo, mas não estávamos interessados em participação minoritária. Queríamos o controle", ressalta. A Noble adquiriu 100% das duas usinas paulistas do Grupo Cerradinho por US$ 950 milhões e leva também a dívida, avaliada em torno de R$ 1 bilhão. Segundo Leiman, embora a dívida já esteja estruturada, a Noble tem a capacidade de conseguir condições melhores no mercado internacional, com juros menores e prazos mais estendidos. Agora, com quatro usinas de açúcar e etanol, a Noble vai processar 17,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produzir 1,34 milhão de toneladas de açúcar, 600 milhões de litros de etanol e 750 megawatts (MW) de excedente exportável de energia elétrica produzida com bagaço de cana. Exportação. O executivo afirma que 80% do etanol produzido é direcionado ao mercado interno. Já a maior parte do açúcar é exportada, mas as usinas da Cerradinho produzem açúcar cristal e refinado que são comercializados no varejo brasileiro, com a marca Cometa. Ele salienta ainda que a due diligence está calculando as sinergias criadas com a proximidade das quatro usinas e a redução de custos que será conseguida com a proximidade do terminal portuário de Santos.

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