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Nordeste é a região com maior ritmo na taxa de desemprego

Especialista associa avanço do desemprego à dependência da região dos serviços públicos em momento de ajuste fiscal

Por Idiana Tomazelli e ANDERSON BANDEIRA
Atualização:
Erandi da Silva está desempregado há 8 meses Foto: Anderson Bandeira

RIO - A alta do desemprego ocorreu em ritmo maior no Nordeste do que na média das seis regiões metropolitanas investigadas na Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. Na região metropolitana de Salvador, a taxa de desocupação atingiu 12% em março, o maior nível para o mês desde 2008. Em Recife, o índice chegou a 8,1%, nível mais elevado para o mês desde 2009.

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Para o economista Alexandre Rands, presidente da Datamétrica, consultoria sediada em Recife, o ajuste fiscal está provocando um choque no mercado de trabalho do Nordeste. "O Nordeste é mais dependente dos serviços públicos. Naturalmente, se você tem uma crise focada no setor público, esses Estados sofrem mais", explicou Rands.

Em Salvador, o segmento de "outros serviços" foi o que mais fechou postos de trabalho na comparação com março de 2014, segundo o IBGE. Já em Recife, a construção civil é um dos que mais dispensou no período, reflexo de paralisações em obras como a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), confirmada pela Petrobrás no balanço financeiro divulgado semana passada. O projeto é um dos principais símbolos da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na estatal. Só no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), localizado em Suape, que presta serviço à Petrobrás, 900 funcionários foram demitidos até agora. Na semana passada, 450 foram dispensados. Outros 250 da gigante no setor de construção naval estão com os dias contados para receberem a carta de demissão até maio. Os dados são do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindmetal).

Pessimismo.

Há oito meses desempregado, o auxiliar de serviços Erandi Evaldo da Silva, que mora em Recife e tem 42 anos, tem procurado diariamente emprego. "Estou tendo muita dificuldade para arrumar um emprego. Por onde vou, dizem que já estão demitindo por conta da crise", disse. Diante da situação, Silva faz vigília na Câmara dos Vereadores do Recife na tentativa de arrumar um emprego. Viúvo e vivendo com sua filha de 18 anos e um neto, ele diz que sobrevive fazendo bicos e com uma renda de R$ 77 do Bolsa Família.

Com as demissões, o rendimento médio real do trabalhador no Nordeste também tem afundado. Em Salvador, a queda foi de 6,8% em março ante fevereiro e de 6,9% ante março do ano passado. "O setor público contrata muita mão de obra qualificada. Então, quando demite, se perdem os salários mais altos, e a renda média fica menor", explicou Rands.

 

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