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Nordeste ultrapassa RS na exportação de calçados

Por Rodrigo Petry
Atualização:

Os Estados da região Nordeste estão ganhando cada vez mais participação nas exportações de calçados. O último dado divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) revela que em janeiro, pela primeira vez, o Ceará liderou o embarque mensal estadual de sapatos no Brasil, com 9,334 milhões de pares, enquanto o Rio Grande do Sul exportou 6,121 milhões de pares. O resultado, porém, não surpreende os representantes da categoria. "O Nordeste vai adquirir uma participação cada vez maior no cenário calçadista brasileiro", afirma o diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein. As fábricas gaúchas, que respondiam por 70,7% do volume exportado em 2001, encerraram o ano passado com uma fatia de 39,4%, de um total de 177,05 milhões de pares embarcados. Enquanto isso, os Estados do Ceará, da Paraíba, da Bahia, de Pernambuco e de Sergipe que, conjuntamente, participavam com 16,5% do montante destinado ao exterior há cinco anos, viram sua representatividade saltar para 48,9% em 2006, e para 63,2% em janeiro deste ano. Klein justifica essa mudança à primeira etapa de um processo de deslocamento das principais unidades produtivas do setor para o Nordeste. "Essa migração, por enquanto, está focada somente em novos investimentos. Lentamente, em três ou quatro anos, deve haver a migração do grosso da produção para o Nordeste", afirma. O pólo calçadista gaúcho ainda concentra a produção de sapato com maior valor agregado, o que acaba se refletindo no preço médio do sapato exportado, que em janeiro ficou em US$ 3,72, no Ceará, e em US$ 17,10, no Rio Grande do Sul. No ano passado, as fábricas gaúchas responderam por 63,5% do total de US$ 1,911 bilhão de receita obtida com as vendas ao exterior, participação que retraiu-se para 60,3% em janeiro. Deslocamento O presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, também aposta no deslocamento dos pólos para o Nordeste. "Os fornecedores planejam ficar mais próximos das fábricas. É um movimento, incentivado, que estamos percebendo", diz. O próprio dirigente, que é presidente-executivo da fabricante de calçados e artigos esportivos Vulcabras, transferiu suas unidades de produção voltadas à exportação para os estados da Bahia e do Ceará. O superintendente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Eduardo Bezerra, relata o forte interesse de empresas - produtoras de matérias-primas destinadas ao setor calçadista - em investirem no Estado. "Se a clientela está no Ceará, por que produzir no Rio Grande do Sul e transportar para o Nordeste?", teria dito um empresário fabricante de cola em recente reunião com Bezerra. Outra empresa fundada no Rio Grande do Sul e que transferiu suas unidades para o Nordeste foi a Grendene, que em janeiro liderou as exportações cearenses por empresas, com US$ 20,682 milhões. Atualmente a empresa mantém sete de suas 13 unidades fabris em Sobral, além de outras duas em Fortaleza e uma em Crato.

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