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'Nossa avaliação não é tão pessimista. Não está um desastre'

Para economista, indicador do BC mostra recuperação da indústria em janeiro, mas no ano haverá volatilidade

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

O resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro confirmou a expectativa da economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da Fundação Getúlio Vargas (FGV): o mês de janeiro mostrou um crescimento um pouco mais forte da atividade e a economia brasileira, apesar de não ir tão bem, não está um desastre.

O indicador do BC, divulgado ontem, subiu 1,26% em janeiro de 2014 em relação a dezembro do ano passado. Silvia Matos avalia que a economia deve crescer 0,3% no primeiro trimestre, na margem, e a atividade do primeiro semestre será influenciada positivamente pela Copa do Mundo e pelo calendário eleitoral.

Abaixo, os principais trechos da entrevista.

O que o resultado do IBC-Br aponta sobre atividade do País?

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Nós já estávamos mais otimistas que o mercado, esperávamos alta de 1,2%. Nosso indicador mensal de PIB mostrava o crescimento um pouco mais forte em janeiro. Nós temos uma avaliação não tão pessimista da economia brasileira. Não está um desastre. A indústria mostrou alguma recuperação, sabemos que o setor vai mal, mas o câmbio mais desvalorizado acaba ajudando um pouco as exportações. E, mesmo que a indústria não vá tão bem, quem segura o PIB é o setor de serviços.

Qual a previsão para o primeiro trimestre?

A agropecuária está realizando revisões, mas deve contribuir positivamente. Teríamos um PIB ainda em torno de 0,3% no primeiro trimestre, na comparação com o último de 2013. É um número positivo. Baixo, mas factível.

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E para o ano?

Mantivemos a previsão de 1,8%. O PIB não é um desastre, mas é difícil olhar o dados só no trimestre e levar para o resto do ano. Em 2013 já tivemos uma volatilidade nos trimestres. Neste ano vamos ter crescimento menor, mas características similares, com segundo trimestre mais forte e terceiro mais fraco, quarto um pouco melhor. Uma revisão para baixo dependeria da agropecuária. Vamos ter uma desaceleração maior no segundo semestre. No primeiro semestre temos setores que estão mostrando alguma melhora, como a indústria. Não digo que é um cenário bom, mas vamos ter uma economia girando em torno de crescimento de 1,5%, um pouco acima disso.

O que faz com que o primeiro semestre seja melhor que o segundo?

Teremos uma certa antecipação neste ano. O calendário eleitoral antecipa o consumo do governo. A indústria provavelmente mostre recuperação antecipando Copa e eleição, e o mesmo para o varejo. A Copa potencializa o resultado. Além disso, há uma estrutura de sazonalidade da economia por causa da agropecuária, que ajuda no primeiro semestre e desacelera no segundo, algo que já aconteceu no ano passado.

Qual o risco de essa expectativa sobre a atividade do ano não se concretizar?

Se tivermos quebra de safra, com efeitos maiores da falta de chuva, veremos um PIB mais próximo de 1%. Precisaríamos de fatores mais fortes, mas o risco existe talvez por questões energéticas.

Qual a avaliação do anúncio do governo sobre o setor elétrico? O aumento das despesas do Tesouro com a conta de desenvolvimento energético (CDE) e o repasse aos consumidores a partir de 2015 tem impacto em termos de inflação e de contas públicas?

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A sensação é que o governo quer atenuar o impacto inflacionário, mas do ponto de vista de contas públicas não vejo com bons olhos. Até porque o risco de racionamento existe, os dados são alarmantes, então seria bom aumentar o preço da energia até para as pessoas consumirem menos. O anúncio é ruim do ponto de vista de sinalização de preços e do ponto de vista fiscal, pois a conta vai sair de algum lugar.

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