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''Nossa função é deixar os negócios mais eficientes''

Presidente da maior bolsa do mundo diz que produtos como derivativos ajudam empresas e investidores a eliminar riscos

Por Leandro Mode
Atualização:

Em agosto do ano passado, o CME Group, dono das principais bolsas de Chicago, concluiu a compra da Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês). Formava-se, então, a maior bolsa do mundo - no caso específico, uma instituição especializada na negociação de derivativos (ativos que, como o nome diz, derivam de outros). No Brasil, esse gigante detém quase 5% da BM&FBovespa. Na semana passada, o presidente do CME Group, Craig Donohue, esteve no Brasil para participar do 4º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão (SP). Estava animado, pois, na quinta-feira, o xerife do mercado de derivativos dos EUA, CFTC, permitiu que os americanos negociem contratos futuros ligados ao Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). "O CME acredita que o Brasil é um dos mercados emergentes mais atraentes do mundo. Potencialmente, diria que é o mais atraente", afirmou, ao Estado, na sexta-feira. Ao lado dele, o vice-presidente do conselho do CME, Charles Carey, comentou as grandes possibilidades de ampliação da área agrícola plantada no Brasil. Vocês pretendem ampliar a participação na BM&FBovespa? Não posso comentar isso. O que posso dizer é que estamos muito satisfeitos. Por que o Brasil é tão atraente para investidores como vocês hoje? Em primeiro lugar, porque se trata de uma das maiores economias do mundo. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é forte. O País tem grau de investimento, o mercado de IPOs (aberturas de capital) está se fortalecendo, São Paulo é um dos maiores centros financeiros do mundo. Aqui, já existe um setor bancário realmente sofisticado, diferentemente de outros países. As oportunidades são grandes também nas áreas de agricultura/commodities e energia. Como o sr. definiria o Brasil na estratégia global da CME? É claramente uma peça central. Fizemos aqui um investimento de milhões de dólares. Os srs. falaram das oportunidades no Brasil. Quais são os riscos? Em todos os casos em que existe forte crescimento, sempre é preciso questionar sua sustentabilidade. Há, ainda, o risco de mudança no panorama político, como nos EUA ou em qualquer outro país. No caso brasileiro, não vemos nada em particular que preocupe. Os investidores com quem os srs. têm contato também estão confortáveis com a eleição aqui? Carey: Não posso responder se eles estão confortáveis ou não. Acho que há uma preocupação, e onde há incerteza, as pessoas tendem a ser mais cautelosas. Donohue: Os investidores da nossa companhia, que observam nossa estratégia no Brasil, estão apoiando fortemente nossas ações. Eles têm uma percepção muito positiva do ambiente macroeconômico brasileiro. Muitos culpam os derivativos por uma grande parcela da crise. Não é verdade que a maior parte dos problemas que tivemos decorra dos derivativos. O mercado subprime (hipotecas de alto risco nos EUA) lidava com securitização. Os bancos tiveram de registrar como perdas esses papéis nos seus balanços. Isso causou a crise de confiança que, por sua vez, originou a crise de liquidez. Os negócios no ambiente de bolsa funcionaram muito bem. Como explicar às pessoas comuns que os derivativos não são "armas de destruição em massa", como disse o megainvestidor Warren Buffett? Carey: Alguns são. Alguns eram (corrige). Donohue: Para entender, é preciso recorrer a um conceito básico. Se você quer eliminar riscos de oscilação de moeda em uma transação de comércio exterior, pode transferi-lo para outro agente. Se não o faço, tenho de elevar o preço do produto. Ao eliminar os riscos, deixo o negócio mais eficiente. Essa é nossa função principal.

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