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Nota de crédito: como consultar e melhorar sua pontuação

Consideradas ‘currículos financeiros’, as avaliações podem ser consultadas por instituições financeiras como critério para a concessão de crédito ao consumidor

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

A consulta à nota de crédito é um dos itens observados por bancos e instituições financeiras na hora de conceder empréstimos ao brasileiro. Atualmente, o Brasil conta com três grandes bases de dados que permitem a consulta gratuita pelo próprio consumidor de forma a incentivá-lo a melhorar sua pontuação e mudar hábitos financeiros.

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Em linhas gerais, quanto maior a nota de crédito, menores as chances do consumidor não honrar suas dívidas e dar um “calote”. Por ser um resultado dos hábitos de pagamento do consumidor, a pontuação funciona como um “currículo financeiro”. Um banco, por exemplo, pode consultar a nota atrelada ao CPF do cliente na hora de determinar o limite do cartão de crédito.

Apesar disso, a pontuação não é o único critério de análise de risco existente, pois cada empresa pode adotar seus próprios meios de avaliar as necessidades consideradas importantes. Em alguns casos, as instituições financeiras podem avaliar a nota junto de outras informações adicionais próprias para dimensionar os riscos de inadimplência.

Pagamento em dia das contas afeta nota de crédito do consumidor. Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Quais são as principais bases de dados?

As três bases de dados mais conhecidas são Serasa Score, SPC Brasil e Boa Vista SCPC.

Serasa Score, da Serasa Experian, fornece uma pontuação de 0 a 1.000 ao consumidor de acordo com seus hábitos financeiros. A consulta é gratuita e pode ser feita no site da Serasa após cadastro com o CPF. A nota também pode ser comparada com a nota média de outros consumidores da mesma faixa etária. Cerca de 700 mil empresas consultam os dados da Serasa por mês, segundo a empresa.

Boa Vista SCPC também disponibiliza acesso gratuito pela internet à pontuação de crédito após cadastro, o Score Crédito. A página exibe a pontuação de 0 a 1.000 e a informação se há dívidas em atraso. Por mês, são aproximadamente 2 milhões de consultas à base de de dados, composta por mais de 230 milhões de CPFs e disponível para mais de 300 mil empresas. 

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Por fim, o SPC Brasil integra a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, com aproximadamente 450 mil empresas associadas e 1 milhão de postos de vendas. A base de dados conta com o cadastro de 180 milhões de CPFs e 26 milhões de CNPJs. A consulta gratuita pode ser feita presencialmente nos balcões do SPC Brasil. Por mês, são 50 milhões de atendimentos, de acordo com a empresa.

Como são calculadas as notas de crédito?

A pontuação é dinâmica, ou seja, muda de acordo com a data da consulta e as novas movimentações financeiras do consumidor. Por isso, as notas de crédito são calculadas a partir de uma série de fatores, como o pagamento de contas antes do vencimento, o histórico de dívidas, o relacionamento financeiro com empresas e instituições de crédito e a atualização de dados cadastrais.

Cada empresa responsável pela avaliação tem seus próprios critérios, o que poderia explicar a diferença entre as notas no mesmo CPF. Em geral, quanto mais positiva for a pontuação do consumidor em cada quesito de seu histórico financeiro, maior será o score total. Confira abaixo a média de risco de cada nota:

Alto risco de inadimplência: Abaixo de 300 pontos.Médio risco de inadimplência: 300 a 700 pontos.Baixo risco de inadimplência: Acima de 700 pontos.

É possível ter crédito negado mesmo com uma nota alta?

Sim. É preciso ter em mente que ter uma boa nota de crédito não é garantia automática de aprovação de crédito. As empresas também podem utilizar suas próprias formas de avaliação para tomar uma decisão final e, em alguns casos, nem sequer podem avaliar a pontuação informada pelas bases de dados. 

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Como melhorar minha nota de crédito?

A primeira coisa a fazer é garantir o nome limpo no mercado, ou seja, renegociar débitos com os credores e pagar as dívidas atrasadas. O passo é considerado fundamental, caso contrário o “currículo financeiro” do consumidor continuará a ser visto como o de um mau pagador.

Em seguida, é preciso ter disciplina e evitar fazer novas dívidas. Por isso, não atrase nenhuma outra conta e, se possível, inclua algumas em débito automático. Com isso, é possível evitar atrasos esporádicos que podem negativar a nota.

Outro passo é atualizar as informações básicas nos cadastros das bases de dados, como idade, endereço e telefone. Quanto mais recentes forem os dados, melhor a avaliação no score. A atualização pode ser feita pela internet ou pessoalmente, de acordo com a empresa escolhida.

Por fim, também é recomendada a criação de um Cadastro Positivo, um registro do pagamento de todas as contas quitadas. Assim como a nota de crédito, ele também serve como um “currículo” da situação do consumidor com suas obrigações financeiras. Por meio dessa avaliação, um banco poderia saber se o cliente paga as contas em dia e, com isso,oferecer crédito com juros menores.

Minha nota de crédito não subiu mesmo após limpar o nome. O que aconteceu?

Se o consumidor acabou de regularizar sua situação no mercado, quitando todas as dívidas atrasadas, por exemplo, a nota de crédito pode não subir automaticamente. O motivo pode ser o histórico anterior de dívidas, que ainda puxará para baixo a pontuação.

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É preciso ter paciência e manter as contas em dia para mostrar uma mudança no comportamento financeiro e garantir aos credores que reavaliem os riscos de concessão de crédito. Quanto mais tempo esse novo padrão se mantiver, mais rápido a nota poderá subir.

Pagar à vista ou com antecedência melhora a nota de crédito?

Não. As bases de dados não recebem informações sobre a data ou a forma de pagamento da compra, apenas se o consumidor quitou a conta no prazo ou não. Por outro lado, a modalidade de pagamento à vista ou com antecedência pode prevenir dívidas futuras, o que ajuda a evitar o rebaixamento da pontuação.

É possível pagar para melhorar a nota de crédito?

Não. As empresas responsáveis pelas bases de dados alertam para golpistas que vendem o serviço de melhorar a pontuação do consumidor mediante pagamento. Não existe essa possibilidade e a única forma de aumentar a nota de crédito é pela própria ação da pessoa em melhorar sua situação financeira.