Agora acomodada na classificação BB, segundo degrau do grau especulativo, ao lado de países como Paraguai, Bolívia e Guatemala, a nova nota não representou mais do que a confirmação da tendência de piora da relação dívida pública/PIB. A perspectiva negativa aplicada ao novo rating brasileiro também faz sentido. Além de piorar, a situação da dívida pública expõe elementos de piora rápida.
Isso deve ocorrer como resultado de um movimento duplo e na mesma direção negativa. De um lado, o próprio crescimento da dívida; de outro, a redução do PIB.
A dívida cresce na medida em que vai se revelando muito difícil evitar novos déficits nas contas públicas. Apenas superávits primários acima de 2,5% do PIB seriam capazes de estabilizar a evolução da dívida e isto é virtualmente impossível de alcançar, nas atuais circunstâncias políticas, que combinam governo frágil e impopular com oposição não propositiva e pouco aberta a negociações.
Também a evolução do PIB aponta não só para mais uma contração, neste ano, mas para um encolhimento mais forte do que o inicialmente previsto. Do começo do ano para cá, as projeções a evolução da economia já dobraram no sentido recessivo, passando de uma retração de 2% para 4%.
A retirada do sinal de “+” da nota brasileira pela S&P, de todo modo, não deve provocar muitas alterações no atual quadro das aplicações no País. Já eram tão evidentes as dificuldades para obter superávits primários e estancar a expansão da dívida que não havia razão alguma para que os investidores tivessem de esperar o sinal de uma agência de rating antes de redefinir suas estratégias de investimento no País.