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''Nova contabilidade é questão secundária''

Importante é verificar alinhamento do BC com o Tesouro, diz Schwartsman

Foto do author Célia Froufe
Por Luciana Xavier e Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

O economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central (BC), Alexandre Schwartsman, disse ontem que a mudança da contabilidade fiscal do governo, em si, é questão secundária. Segundo ele, mais importante será observar como ficará a combinação de política monetária e política fiscal, ou seja, o alinhamento do BC com o Tesouro. "Vai haver constrangimento para o Banco Central ou não? Esta é a pergunta." Com a queda das commodities e o recente recuo da inflação está reaberta a discussão sobre se o BC errou ao elevar a dose de alta da Selic de 0,5 ponto porcentual para 0,75 ponto em julho, após duas altas consecutivas de 0,5 ponto. Na opinião de Schwartsman, o Banco Central não errou. "Não acredito que o que está acontecendo do ponto de vista de inflação no Brasil resulte primariamente dos preços das commodities. Acho que os dados sugerem que não se trata disso." Segundo ele, os preços das commodities, em reais, acabam tendo efeito pequeno sobre a inflação, por causa da valorização da moeda brasileira. Para Schwartsman, mesmo que houver alívio para a inflação vindo das commodities, será temporário. "Não é isso que vai trazer a inflação de volta para a meta. Vai ter que ser a política monetária mesmo." Na avaliação do economista, mais em linha com a avaliação do presidente do BC, Henrique Meirelles, do que com a do ministro da Fazenda, Guido Mantega, há sim excesso de demanda na economia, o que é uma das principais causas da alta da inflação. "De fato, o País que está crescendo consistentemente numa velocidade maior do que consegue sustentar ao longo do tempo", comentou o ex-diretor do BC em relação ao PIB potencial brasileiro. Ele citou como sinais de que a demanda está forte o elevado nível de utilização da capacidade instalada na indústria (Nuci), o baixo nível de desemprego e os ajustes de salário nominal (10,50% em julho ante o mesmo mês do ano passado) acima da meta de inflação (4,5% com teto de 6,5%). Com esse cenário, Schwartsman acredita estar "mais ou menos garantido" que o BC voltará a elevar a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 13,75%, na reunião de 10 de setembro. Depois, poderiam se seguir mais duas elevações de 0,5 ponto em outubro e dezembro, com a taxa básica encerrando o ano em 14,75%. "Mas, se chegar outubro e a economia não der sinais de desaceleração, será o caso de o BC pensar se está certo ou não."

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