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Nova empresa aérea terá grande participação estatal, diz BNDES

O presidente do BNDES disse também que o banco pode ser usado para salvar empresas, e não empresários. "O Brasil não pode perder empresas que sejam fundamentais para o funcionamento do País."

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do BNDES, Carlos Lessa, admitiu hoje, que é "bastante provável" a criação de uma nova empresa aérea no Brasil, com a participação da Varig e da TAM e de seus atuais credores. "Os motores estão esquentando lentamente", disse Carlos Lessa, em referência ao ritmo das negociações. A idéia, segundo ele, é ter uma empresa com grande participação estatal, mas que o controle do capital será privado. "O Brasil não pode abrir mão de ter uma aviação comercial forte. Para você ter uma idéia, só o superávit cambial, que é gerado pelas operações aéreas no exterior, dá mais de US$ 1 bilhão", explicou, em entrevista ao Bom Dia Brasil, da TV Globo. Segundo ele, "é sempre muito incômodo para o Brasil" ter uma empresa estatal, porque ela ficaria contida pelo acordo com o Fundo Monetário Internacional, e não poderia expandir investimentos. "E qualquer nova empresa aérea no Brasil tem de necessariamente investir". Lessa disse também que o BNDES não concederá nenhum empréstimo enquanto a Varig e a TAM não se entenderem e construírem um contrato do qual não poderão recuar. "E nós continuamos esperando que esse contrato seja assinado", disse. ?Hospital de empresas e não de empresários? Carlos Lessa disse que o BNDES pode ser um hospital de empresas, e não de empresários. "O Brasil não pode perder empresas que sejam fundamentais para o funcionamento do País", disse Lessa, tentando esclarecer declarações recentes, quando afirmou que o banco não seria um hospital para socorrer empresas. "Mas essa frase já me causou tanto problema, tanta amolação, que eu não quero mais usar a imagem", afirmou Lessa. Segundo ele, uma empresa necessária para o País, onde o empresário tenha tido um comportamento incompetente como gestor financeiro, comercial ou técnico, não pode desaparecer do País, porque centenas de outras empresas serão destruídas. "O mercado de capitais é uma terceira questão", observou Lessa. "O BNDES sempre apostou no mercado de capitais no Brasil e continuará apostando", disse. Nossa missão é fomentar o desenvolvimento do País O presidente do BNDES evitou comentar sobre a política econômica do governo. "Veja bem, na hora que o presidente Lula me convidou para ser presidente do BNDES eu deixei em casa o meu chapéu de macroeconomista", justificou. "Dentro do governo há uma divisão de trabalho e tem uma área que decide alguma coisa e outra que decide sobre outra. Eu não interfiro na política de Saúde. Não tenho nada que ver com a política macroeconômica. Para um banco como o BNDES a política macroeconômica é um dado. Nós nos movemos a partir dela. Nossa missão é fomentar o desenvolvimento do País", afirmou. Financiamento para caminhões e máquinas agrícolas Lessa informou que o banco pretende fazer operações Moderfrota, a exemplo do que foi adotado no governo Fernando Henrique Cardoso, para financiar caminhões e máquinas agrícolas, com juros prefixados e prestações fixas. "Operações do tipo Moderfrota farei, se o Ministério da Fazenda estiver disposto a dar a garantia para o banco, de que qualquer flutuação de juros negativa será coberta", disse Lessa, acrescentando que pretende fazer esse tipo de operação para a aquisição de caminhões. "Eu simplesmente fico quieto" O presidente do BNDES disse que tem profunda admiração pela economista Maria da Conceição Tavares, mas que como integrante do governo não pode dizer se concorda ou não com as críticas que ela tem feito à política econômica. "Eu simplesmente fico quieto", resumiu Lessa. "Veja bem, a professora Maria da Conceição faz críticas usando seu livre arbítrio e o fato de não estar na máquina de governo. Eu, sendo presidente de um banco do governo, obedeço rigorosamente o que o governo diz", disse. Mas sobre essas críticas, Lessa lembrou que o presidente Lula já deu uma resposta definitiva, ao afirmar que a economista pode dizer o que quiser porque foi professora do PT.

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