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Nova queda dos juros deve chegar ao consumidor

Instituições que trabalham sob a influência dos juros avaliam que a segunda queda consecutiva da Selic, apesar de pequena, deve levar à redução das taxas cobradas ao consumidor.

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do governo de reduzir pelo segundo mês consecutivo a taxa básica de juros da economia, a Selic, deve apontar para uma redução também das taxas cobradas pelos bancos, financeiras, lojas que vendem a prazo e outras instituições que trabalham sob a influência dos juros. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) havia reduzido a Selic de 19% ao ano para 18,75%. Desta vez, a queda foi de mais 0,25% ponto percentual - a Selic está agora em 18,5% ao ano. O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, acreditava que o Copom reduziria a taxa básica em pelo menos 0,5 ponto porcentual. "A expectativa era legítima. Em 2001, o Brasil conseguiu reagir diante das adversidades e agora era o momento de o governo estimular a atividade econômica reduzindo os juros. Não adianta a sociedade fazer sacrifícios sem que o governo acompanhe", afirmou. Segundo Burti, os juros repassados ao consumidor pelos bancos e pelas lojas que vendem a prazo devem cair nas próximas semanas. "As empresas devem criar promoções para seguir a queda da Selic. A competição no mercado vai ativar a redução dos juros e aumentar o nível de emprego", aposta. Na opinião do vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, havia espaço para uma redução mais arriscada da Selic, por volta de um ponto porcentual. Ainda assim, o consultor acredita que a queda dos juros básicos irá forçar a diminuição das taxas cobradas no crediário. "A perspectiva é boa neste momento pelo fato de que, se os juros ao consumidor seguirem a Selic e também caírem, o mercado vai se deparar com uma verdadeira tendência de queda nas taxas", prevê. Na Associação Brasileira de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o presidente Ricardo Malcon já esperava que a Selic registrasse queda de 0,25 ponto percentual, numa postura mais conservadora do governo. Ele diz que a redução, associada à do mês anterior, será bem representativa para o mercado. "A nova queda pode mostrar que existe de fato uma disposição do governo em reduzir os juros. O mercado deve seguir essa tendência e ampliar as ofertas, com taxas menores". Para Malcon, o setor de eletroeletrônicos é um dos que vão acompanhar a redução, especialmente com a proximidade da Copa do Mundo, quando aumentam as vendas de aparelhos de televisão. Dados da Anefac mostram que a média dos juros cobrados no crediário em São Paulo está hoje em 6,66% (ou 116,78% ao ano), valor que o presidente do órgão, Miguel de Oliveira, considerada extremamente alto. "Mesmo assim, a expectativa até o fim do ano é de que os juros continuem caindo e de que os prazos dos financiamentos sejam alongados". Entre os bancos, a postura diante da redução da Selic foi a de sempre: as instituições preferem aguardar uma resposta do mercado à decisão do Copom. Para Ricardo Malcon, da Acrefi, os juros bancários certamente vão seguir a direção tomada pelos demais segmentos do mercado, ainda que mais lentamente.

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