Os exportadores brasileiros que venderam seus produtos para Argentina, entregaram mas ainda não viram a cor do dinheiro, poderão se habilitar junto ao Banco Central para que a dívida seja renegociada e incluída no âmbito do CCR, o Convênio de Crédito Recíproco que garante o aval dos governos brasileiro e argentino para estimular o comércio entre os países. A nova regra foi anunciada hoje pelo diretor da área internacional do BC, Beny Parnes, juntamente com os novos limites para o CCR e incluirá dívidas de importadores argentinos que deveriam ter sido quitadas entre junho de 2001 e outubro deste ano mas que estão em atraso. A renegociação desses créditos atrasados servirão como referência para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) libere novas linhas de crédito para bancos privados na Argentina financiarem importações de produtos brasileiros. "A cada US$ 1 inscrito na renegociação será liberado US$ 1 pelo BNDES para financiar outras operações dentro do CCR", explicou Parnes. Inicialmente, o BC pretende limitar em US$ 200 milhões o volume total dessas dívidas que serão objeto de renegociação. Segundo o chefe do Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio, José Maria Carvalho, está sendo preparado um programa para receber as informações dos exportadores brasileiros que têm interesse em renegociar a dívida no âmbito do CCR. Nos próximos dias será fixado um prazo o envio dos dados necessários. "A partir daí, o BC fará uma checagem e liberará o exportador para renegociar com o importador argentino", disse Carvalho. Segundo ele, somente depois de cumprir todas as exigências dos dois governos, brasileiro e argentino, a operação será incluída no convênio. A grande vantagem para o exportador é que, no âmbito do CCR, as operações têm a garantia de pagamento do governo da Argentina. Se o devedor voltar a atrasar, o BC argentino se compromete a honrar o compromisso. Novas operações Além de facilitar a renegociação de créditos atrasados, o BC ampliou o limite para que as operações sejam beneficiadas pelas regras do CCR. O valor máximo das operações sobe de US$ 100 mil para US$ 200 e o prazo de financiamento deve ser de até 360 dias. Acima deste prazo, as operações incluídas no CCR só serão quitadas quando o BC brasileiro receber os recursos. "O BC não pode ficar com o risco dessas operações", enfatizou Parnes. As mudanças nas regras de funcionamento do CCR tem o intuito de melhorar as relações comerciais entre o Brasil e a Argentina. Segundo Parnes, "dentro de seis meses, voltaremos a negociar e este limite poderá chegar aos US$ 300 mil". O prazo destas operações garantidas pelo BC poderá ser aumentado. "Estamos abrindo a possibilidade de que sejam feitas operações no CCR acima de 360 dias em regime de caixa, ou seja, sem implicar em aumento do risco do BC", explicou.