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Nova regulação pode reduzir crédito para emergentes

Por Patrícia Campos Mello
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O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) afirmou que as regulações bancárias propostas por alguns países ameaçam reduzir a oferta de crédito para emergentes. "Com as novas regulações exigindo que bancos tenham altos níveis de capitalização, é possível que as instituições financeiras reduzam os empréstimos para o mercado emergente, principalmente para países mais fragilizados", diz o IIF, espécie de Febraban mundial que reúne 375 bancos, em seu mais recente relatório."O excesso de regulamentação pode atrapalhar a recuperação da economia mundial", afirmou em entrevista Josef Ackermann, presidente do conselho do IIF e do Deutsche Bank. O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), órgão encarregado de desenhar as novas regulamentações financeiras para evitar que a crise se repita, discordou, dizendo que não há excesso de regras e que os bancos não podem voltar aos maus hábitos. "Não estamos impondo regras demais cedo demais, como alguns afirmam", disse Mario Draghi, presidente do FSB. As regulamentações propostas pelo FSB serão discutidas durante 2010 e só devem ser implementadas em 2011 ou 2012. "Tem tempo de sobra e os bancos já sabiam, estamos debatendo essas regras desde 2007", disse Draghi. "Eu diria que é prematuro os bancos se preocuparem com excesso de regras. E agora é a hora de eles se capitalizarem."O IIF também discorda da recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que afirmou ser muito importante os bancos aproveitarem este momento para se manter capitalizados - em vez de distribuir dividendos para seus acionistas ou bônus para seus executivos. "Não achamos que isso faz sentido", disse Charles Dallara, diretor-gerente do IIF. "Os acionistas são donos dos bancos e, em relação a compensação, precisamos oferecer boa remuneração para reter talentos." Segundo Ackerman, são importantes as regras para capitalização, endividamento, liquidez e remuneração, com o objetivo de assegurar a estabilidade do sistema financeiro. "Mas a garantia de que as instituições reguladas terão condições de inovar e fornecer os fluxos de crédito necessários para o crescimento também é essencial", disse. "Existe um risco real de as reformas regulatórias minarem a recuperação global e a criação de empregos; essas reformas precisam ser calibradas cuidadosamente".

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