21 de outubro de 2014 | 02h04
Governos de todo o mundo, que na prática já tinham abandonado em parte a entidade e se dedicado a acordos bilaterais, agora terão de pensar qual função dar ao organismo que não atrai nem mesmo manifestantes para suas portas.
O centro do novo impasse é um desentendimento entre Índia e EUA por causa do comércio agrícola. Nova Délhi quer garantias de que seus pequenos agricultores serão protegidos de uma liberalização. Mas, para isso, estão bloqueando a adoção do pacote de Bali, costurado em dezembro.
Apesar da pressão sobre a Índia e até de ameaças do governo brasileiro de romper a aliança com os indianos, até o fechamento desta edição Nova Délhi não havia mudado de opinião.
Ontem, o brasileiro Roberto Azevedo, diretor da OMC, não escondia sua preocupação diante da situação. "Hoje, não temos uma solução." Longe do discurso oficial, o tom nos corredores da entidade é de desolação e de preocupação em relação ao futuro da OMC, considerada como a "nova geração" das organizações internacionais e aquela que finalmente daria respostas à globalização.
Duas décadas depois, missões diplomáticas passam a escolher embaixadores menos importantes para serem enviados a Genebra, enquanto diplomatas tentam novos postos para ver suas carreiras avançarem. Diplomatas mexicanos, europeus ou indianos chegaram a abandonar suas missões, transformando-se em consultores.
A falta de acordo ainda vem gerando mal-estar entre os funcionários. Se alguns deles eram economistas brilhantes que apostavam na entidade, hoje apenas tratam de produzir novas estimativas do comércio e de monitorar o protecionismo.
Para Azevedo, porém, apenas um acordo na OMC pode dar resposta aos problemas dos emergentes diante dos subsídios agrícolas de americanos e europeus. Segundo ele, acordos bilaterais não resolvem essa distorção. "O sistema multilateral é o melhor que temos."
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