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Novo piso da Selic de 9% deve dar mais espaço a medidas de combate à inflação

Descompassos entre demanda e oferta que ameaçarem aumentar os preços podem ser atacados com redução de tributos e aperto do crédito

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e BRASÍLIA
Atualização:

Depois da decisão do Banco Central de fixar o piso de 9% para a queda da taxa básica de juros, o uso das chamadas "medidas macroprudenciais" deve ganhar mais espaço a partir de agora na condução da política monetária. Descompassos entre demanda e oferta que ameaçarem o controle da inflação e estiverem fora do radar do governo poderão ser combatidos com esse tipo de medida, numa ação coordenada com o Ministério da Fazenda, como já foi feito no ano passado, segundo apurou o Estado. Hoje a taxa Selic está em 9,75% e o BC sinalizou que deve cair mais 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril. Medidas macroprudenciais são ações de combate à inflação, além da alta dos juros, como a redução de tributos, o aperto do crédito e a ampliação do ajuste fiscal das contas públicas. O BC mudou a comunicação com o mercado, na última ata do Copom, ao sinalizar um horizonte de estabilidade para a Selic, numa estratégia que já está sendo comparada no mercado financeiro à do Fed (o Banco Central dos Estados Unidos) - que garantiu taxa de juros baixas até 2014. Com a sinalização de que a taxa Selic não será alterada por um período mais longo, o BC quer ancorar as expectativas do mercado para a inflação e assim reduzir essa volatilidade. Embora se especule dentro e fora do governo que a Selic pode ficar estável por 18 meses ou até mesmo um período maior, não há nenhum compromisso do BC com a magnitude do prazo, porque há ainda muitas incertezas no cenário internacional. Por enquanto, a sinalização de estabilidade para a Selic é boa não só para o BC como para a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que quer evitar a todo custo a possibilidade de o Copom subir os juros. Esse seria o pior cenário para a estratégia da presidente Dilma Rousseff de levar o juro real (descontada a inflação) ao nível de 3% a 2%, com crescimento mais forte da economia, acima de 4,5%. Até lá, Fazenda e BC ganham tempo para abrir condições econômicas para uma queda sustentável da inflação. Nesse cenário desenhado pelo governo, na avaliação de fontes de equipe econômica, as medidas macroprudenciais devem ser a arma para fazer os ajustes necessários. Para o ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas, se o governo errar a mão nas medidas de estímulo ao crescimento, poderá provocar um aquecimento da economia que exigirá a alta dos juros. "As medidas macroprudenciais só serão suficientes se e economia não tiver superaquecida." O diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, disse ontem que as medidas macroprudenciais são eficientes, poderosas e devem estar à disposição."Os dados são eloquentes e mostram que as medidas são instrumentos poderosos e que funcionam. Acho que eles têm de estar na caixa de ferramentas de um BC que tem como missão a estabilidade da moeda e do sistema financeiro", disse, ao comentar seu uso após a crise de 2008. Enfática, essa foi a primeira declaração pública de um diretor do BC após a divulgação da ata da última reunião do Copom. / COLABOROU FERNANDO NAKAGAWA

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