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Novos ares para a barbearia à moda antiga

Empresários apostam na tradição do ''barba e cabelo'' para atrair o público masculino

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Por Fernando Scheller
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No rádio, toca uma canção de Elvis. Nas paredes, cartazes de filmes antigos, pôsteres de pin-ups e fotografias de automóveis antigos. Sobre o balcão, uma garrafa de água velva e navalhas afiadas. Ir à unidade da Barbearia 9 de Julho, no centro de São Paulo, é como voltar aos anos 50: uma época em que homens iam ao barbeiro por apenas três motivos (os mesmos anunciados hoje no cartaz na entrada da loja): cortar o cabelo, apará-lo com a máquina e fazer a barba.Foi com a proposta de resgatar a simplicidade dos barbeiros de antigamente que a Barbearia 9 de Julho surgiu há quatro anos, na Rua Augusta. Com duas lojas na capital paulista, a empresa ganhará status de rede em 2012. Em julho, será aberta a terceira unidade, no Itaim. Mais duas estão previstas para o ano que vem: no Paraíso e na região da Berrini. "Priorizamos áreas de escritórios. O homem não tem tempo de voltar para cortar o cabelo no bairro", diz Anderson Napoles, sócio do empreendimento.Embora as lojas da Barbearia 9 de Julho sejam pequenas, com três cadeiras - "para não virar salão de beleza", diz Anderson -, o investimento em cada unidade é estimado em R$ 100 mil. Segundo o coproprietário Tiago Cecco Gonçalves, os objetos de decoração são comprados em feiras e angariados aos poucos. Mas a ideia é manter o máximo de autenticidade, com restauração de móveis e equipamentos. "E isso custa dinheiro", diz.Tanta preocupação com a reprodução da época tem motivo: tanto Anderson quanto Tiago são do movimento rockabilly, que cultua os símbolos dos anos 40 e 50, da música à moda, dos filmes aos cortes de cabelo. Por isso, ao resgatar a moda das barbearias, a opção foi pelo estilo tradicional: atendimento rápido - um corte de cabelo não leva mais de dez minutos -, serviços limitados e preço sob controle. Tanto barba quanto cabelo saem por R$ 25. O pagamento é feito somente em dinheiro.Anderson e Tiago também desenvolveram produtos para o cliente completar o estilo em casa: a cera e a goma de pentear já podem ser comprados nas lojas - por R$ 25 e R$ 15, respectivamente -, mas a linha de cosméticos masculinos da dupla, batizada Ducktail (referência um penteado típico dos anos 50), deve ganhar nos próximos meses xampu, espuma de barbear e creme pós-barba. A fórmula é desenvolvida pelos sócios, e a fabricação é terceirizada em um laboratório.Repaginada. Enquanto os paulistanos se agarram às raízes do negócio barbearia, a curitibana Meire Ferreira, da Barbearia Clube, leva o conceito às últimas consequências. Apesar de oferecer cabelo e barba a preços similares aos da 9 de Julho, a empresária criou uma espécie de clube de estética para homens: oferece tratamentos como limpeza de pele - ou "faxina na cara" -, pedicure, podologia, hidratação, sauna e até acupuntura. Há também a possibilidade de o cliente comprar um pacote de tratamentos e passar o dia inteiro se cuidando.Meire conta que teve a ideia de abrir a barbearia depois de trabalhar por 20 anos em uma distribuidora de cosméticos. "Com os mapas da Nielsen na mão, vi que o mercado masculino tinha potencial", lembra ela. Junto com uma agência de publicidade, estudou o mercado durante dois anos antes de abrir a Barbearia Clube, em 2007. O investimento de R$ 180 mil, levantado com empréstimos, a venda de um carro e o saque de um plano de previdência privada, foi recuperado após dois anos e sete meses.A empresária partiu para uma estratégia de expansão por franquias, que gerou duas outras unidades, mas rescindiu os contratos. As parceiras seguiram funcionando, mas com nomes diferentes. "Uma delas foi para a classe A, enquanto a outra se popularizou", conta. Agora, Meire busca reformatar o projeto: desta vez, com a ajuda de uma consultoria em franquias. Paralelamente, a empresária acalenta a ideia de iniciar uma operação própria em São Paulo: "O mercado está pedindo isso".

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