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Núcleo e inércia da inflação ainda preocupam

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da torcida a favor da queda dos juros básicos, economistas especializados em inflação avaliam que ainda não há sinais consistentes sobre a velocidade da queda e se é generalizada a desacelaração dos aumentos de preços. É o que revelam diferentes núcleos da inflação, cálculos que excluem variações exageradas que podem distorcer o índice cheio e são levados em conta na elaboração da política monetária. As análises mostram que o patamar continua elevado e afetado pela inércia inflacionária. "Ainda é cedo para se falar em queda consistente", diz o membro do conselho consultivo do Sistema de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ricardo Braule. "A inflação está carregada de inércia", declara o coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Os cálculos do conselheiro do IBGE mostram que o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 1,49% para 1,30%, de marco para abril. Mas ficou acima da taxa de 1,25% em fevereiro. Para Braule, uma queda mais efetiva ocorrerá quando o núcleo romper a barreira de 1% e "caminhar rapidamente para níveis mais confortáveis, em torno de 0,5%". Segundo Braule, o BC deverá enfrentar dilema já que inflação atual não apresentou queda consistente, mas a taxa de juros real "relevante" (juros menos inflação futura) subiu muito. Inércia inflacionária preocupa Outra preocupação em relação ao comportamento dos preços é a inércia inflacionária. Este ponto tem sido citado nas atas de reuniões Comitê de Política Monetária (Copom). A última registrou que a "queda mais lenta da inflação indica a existência de um maior grau de inércia de preços na economia, ainda que esse fenômeno possa vir a se mostrar temporário". A inércia, segundo Salomão, é "explícita". "Trata-se de um comportamento que se mantém, apesar da causa inicial não estar mais em vigor", diz. Alguns exemplos, segundo Salomão, são os reajustes de contratos indexados à inflação passada (afetada pelo dólar alto) e repasses tardios de aumentos de custo, na recomposição de margens de produtos industriais.

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