PUBLICIDADE

Número de cheques devolvidos bate recorde

Calote atingiu maior nível em 19 anos por causa do desemprego e das restrições do crédito

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

O calote do cheque atingiu em maio a maior marca mensal em 19 anos. De cada cada mil cheques compensados, 25,2 foram devolvidos por falta de fundos, segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. O indicador é calculado com base em dados nacionais da Câmara de Compensação do Banco do Brasil de cheques devolvidos pela segunda vez. No mês passado, dos 98,74 milhões de cheques compensados, 2,49 milhões de documentos foram devolvidos por insuficiência de fundos. Na comparação com maio do ano passado, a inadimplência do cheque cresceu 18,9%. O calote do cheque também bateu o recorde da série histórica do indicador, quando se leva em conta os cinco primeiros meses do ano. Entre janeiro e maio deste ano, foram devolvidos 23,6 cheques de cada mil compensados, com crescimento de 16,3% em relação ao mesmo período de 2008. "Os números da inadimplência do cheque refletem os efeitos da crise sobre o aumento do desemprego, as restrições ao crédito e o endividamento maior por causa dos gastos com o Dia das Mães e a Páscoa", afirma o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida. Ele explica que, para compensar a menor oferta de crédito, o comércio aumentou a aceitação do pré-datado no começo deste ano. Apesar de não dispor de números, o economista observa que a maior parcela dos cheques devolvidos foram de pré-datados. Na sua avaliação, essa tendência deve continuar neste mês, uma vez que os indicadores refletem apenas a entrada das compras parceladas por ocasião do Dia das Mães. Quanto ao valor médio dos documentos devolvidos, houve também crescimento. Entre janeiro e maio deste ano, o valor médio dos cheques sem fundos atingiu R$ 855,83, com alta de 33,3% na comparação com o mesmo período de 2008. Almeida argumenta que o valor médio do calote é alto porque reflete as restrições de crédito ocorridas no pico da crise financeira. "Microempresários usaram cheque pessoal para fazer pagamentos da empresa." Apesar do aumento dos cheques sem fundos, essa forma de pagamento ocupa a terceira posição relativa no ranking de calote que inclui outras formas de pagamento. Em primeiro lugar estão as dívidas com bancos, com 43,7% dos inadimplentes, seguidas pelas pendências com financeiras e cartões (36,9%) e os cheques devolvidos (17,5%).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.