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Desempregados já somam 8,2 milhões e brasileiros buscam 'plano B'

Cresce o número de trabalhadores por conta própria e de empregadores, enquanto o trabalho com carteira assinada recua

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

RIO - A desaceleração no mercado do trabalho tem levado alguns brasileiros a buscar outras saídas que não seja sair por aí distribuindo currículos. Com isso, o número de trabalhadores por conta própria e também de empregadores tem aumentado de forma significativa no último ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de desempregados atingiu um recorde de 8,157 milhões no trimestre encerrado em maio de 2015. Já a taxa de desemprego subiu para 8,1%, também a maior da série. Mas o número poderia ser maior caso esses brasileiros não tivessem um "plano B".

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Na comparação com o trimestre até maio de 2014, o emprego por conta própria aumentou 4,4%. Isso significa 934 mil pessoas a mais nessa condição, que inclui desde um profissional autônomo com perfil mais técnico até o vendedor ambulante. Os empregadores, por sua vez, cresceram 8,1% no período, um acréscimo de 299 mil pessoas. Por outro lado, em um ano até o trimestre encerrado em maio de 2015, 708 mil pessoas deixaram de ser trabalhadores formais no setor privado.

"A pesquisa mostra um cenário econômico que não está permitindo geração de vagas a ponto de suprir a demanda por emprego. Então, o desemprego está subindo", explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Com a redução no emprego, aumentou o número de trabalhadores inseridos como empregador e conta própria."

É muito provável, apontou Azeredo, que esse contingente venha de empregos anteriores no setor privado, com ou sem carteira. Em um ano, o emprego formal recuou 1,9%, uma perda de 708 mil vagas. Já o trabalho sem carteira recuou 3,0%, com 310 mil pessoas a menos.

"Nesse momento, ainda há uma rede de proteção para os empregados com carteira (FGTS, seguro-desemprego), mas os empregados sem carteira não têm essa rede de proteção. É daí que vem esse aumento forte de empregadores e de conta própria", disse o coordenador. "Para compor renda domiciliar, mais pessoas acabam buscando emprego. Além disso, há uma menor qualidade do emprego, considerando a queda da carteira assinada." 

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