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Números não mostram arrefecimento da inflação, diz ata do Copom

Por Agencia Estado
Atualização:

Como mostra a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada hoje, o órgão avalia que desde janeiro não foram observados fatores que permitam descartar o cenário no qual a taxa de inflação permaneça elevada por um período mais longo de tempo. De acordo com a análise feita pelo Comitê, considerando o período entre 1995 e 2004, a inflação de janeiro deste ano foi a maior do primeiro trimestre do ano em sete das nove observações da série, que considera o período pós introdução do Plano Real. Diante disso, os diretores do BC reconhecem que é natural esperar que esse padrão sazonal se repita e que a inflação em fevereiro mostre alguma reversão em relação à de janeiro. Entretanto, nenhum fator foi identificado pelo Copom que permita descartar a possibilidade da inflação permanecer elevada por um período mais longo do que o indicado pelo padrão sazonal. "Em primeiro lugar, os números do IPCA e dos núcleos de janeiro e as expectativas para fevereiro não mostram tendência significativa de arrefecimento da inflação", justificam os diretores, na ata. "Além disso, a inflação medida pelo IPA-Industrial continuou elevada e em ascensão, influenciada pelo aumento do preço internacional de algumas commodities, pela maior demanda por insumos intermediários e pela recuperação de preços relativos que tem favorecido os setores que vêm sendo mais fortemente beneficiados pela recuperação da demanda", completam. Os diretores do BC, destacam, entretanto, que essa maior inflação no atacado não será necessariamente transferida com "igual intensidade" para os consumidores. "Mas repasses maiores tornar-se-iam mais prováveis caso tomasse corpo a impressão de que contariam com leniência da política monetária em um cenário de exacerbação do otimismo com a recuperação da demanda em determinados setores", ponderam. Para o Copom, os únicos sinais "preliminares" de tendência de queda da inflação foram observados nos resultados parciais do IPC-S e do IPC-Fipe. "No caso do IPC-S, entretanto, a inflação ainda se encontra em patamar elevado; já no caso do IPC-Fipe, a queda foi mais acentuada, mas, pelos motivos descritos (...) pode não ser inteiramente compartilhada pelo IPCA", explicam os diretores na ata. Principais índices subiram O Copom destaca na ata de sua última reunião que os principais índices de preços apresentaram aumento entre dezembro e janeiro. A inflação de 0,76% medida pelo IPCA foi, na opinião dos diretores do BC, "significativamente superior" às projeções do mercado feitas ao final de 2003. O Copom destaca também a forte elevação verificada em índices como o IPC-Br e pelo IPA-M. "O IPA-industrial subiu pelo terceiro mês consecutivo e atingiu 1,20% em janeiro, o maior valor da série desde março de 2003", exemplificam. Por outro lado, os diretores do BC reconhecem que os núcleos de inflação do IPCA mantiveram-se praticamente estáveis em janeiro, mas em níveis "incompatíveis" com a trajetória das metas de inflação. "A proporção de itens no IPCA que tiveram reajuste positivo aumentou novamente, passando de 64,8% em dezembro para 70,9% em janeiro, maior valor desde abril do ano passado", argumentam os diretores do BC. Flexibilização daria margem a pressão inflacionária Os diretores do Banco Central acreditam que os indicadores de atividade continuam em linha com o cenário de recuperação da economia traçado pelo Copom nos últimos meses. Com base em dados apurados pelo IBGE, os diretores do BC citam que a produção industrial registrou de junho a dezembro do ano passado um crescimento de 5,1%, considerando-se a média móvel trimestral da série dessazonalizada. O Comitê destaca também o crescimento verificado na produção de bens de consumo duráveis (18,4%) e bens de capital (12,3%). No mesmo período, o setor de bens de consumo semi e não duráveis registrou uma queda de 1,8%. Os diretores do BC insistem, entretanto, que a recuperação desse setor se dará "naturalmente" como consequência da disseminação gradual do crescimento do restante da economia. "Uma flexibilização excessiva da política monetária com o objetivo de impulsionar este setor específico teria somente o efeito, no curto prazo, de exacerbar as diferenças de velocidade de retomada entre setores e de dar margem a pressões inflacionárias nos setores líderes", argumentam os diretores do BC. A queda de 1% na produção industrial observada em dezembro é relativizada pelo Copom. "Oscilações em torno da tendência subjacente de aumento da produção são naturais em períodos de retomada da atividade econômica, sobretudo em seguida a fases de incremento acelerado e à medida que os níveis de produção se aproximam do pico prévio. Tais oscilações não devem ser precipitadamente interpretadas como sinal de esgotamento do processo de retomada, ainda mais quando se leva em conta que os efeitos do relaxamento monetário observado ao longo do segundo semestre de 2003 ainda não tiveram tempo de se manifestar em sua totalidade", argumentam os diretores do BC.

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