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'Nunca fui escolhido para ser campeão', diz presidente do conselho do JBS

Empresário Joesley Batista criticou o uso da expressão 'campeões nacionais' para definir a política de investimentos do BNDES e relativizou a importância do banco na expansão do grupo

Por Renato Oselame
Atualização:

O presidente do conselho de administração do grupo JBS, Joesley Batista, defendeu investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em empresas do grupo e criticou o uso da expressão "campeãs nacionais" para se referir às estratégias do banco estatal. "Nunca fui escolhido para ser campeão. Tudo o que construímos foi por nossa competência em administrar empresas", disse ele nesta terça-feira, 27, durante painel no Brazil Summit, em São Paulo, evento organizado pela revista The Economist.

O executivo encarou o espaço como uma oportunidade para esclarecer "mitos que se criam" e disse que o BNDES investiu cerca de R$ 8 bilhões na companhia após a sua abertura de capital. "Que hoje valem R$ 16 bilhões", garantiu, indicando os rendimentos do banco com a operação. 

Joesley Batista é presidente do conselho de administração do grupo JBS Foto: Jonne Roriz/Estadão

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Batista também citou que o BNDES tem participação relevante, de mais de 20% na empresa, mas relativizou a visão de que o banco teve um "papel fundamental" na expansão internacional do frigorífico. "O BNDES teve um papel fundamental assim como o mercado de capitais, os nossos bondholders (credores) também tiveram", disse.

Doações de campanha. O executivo do JBS afirmou que respeita a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar as doações de campanhas eleitorais, embora reconheça que o JBS foi a maior financiadora em 2014. No ano passado, a empresa apoiou políticos e partidos com mais de R$ 300 milhões. "Respeitamos muito as regras dos países em que operamos. Desde que as regras sejam claras e valham para todos, encaramos como natural (a proibição)".

No entanto, Batista disse que está preocupado, pois ainda não foi apresentada solução para o financiamento das campanhas. "Estão criando uma restrição, mas não deram ainda uma solução. É o Estado que vai patrocinar?", questionou.

Batista relativizou o montante das doações de campanha do ano passado, afirmando que é preciso colocar o valor em perspectiva "no relativo ao tamanho da empresa, ao porcentual do faturamento e ao que representamos para cada Estado". O executivo citou que o JBS tem mais de cem fábricas no País. "Só em Mato Grosso temos 17 fábricas no segmento de bovinos", exemplificou. 

Sobre a escolha dos partidos para doar, Batista diz que a empresa faz "doações iguais". "Amanhã não queremos ser acusados de ter ajudado mais um ou outro, de ter usado poder econômico para influenciar eleições", justificou.

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Mercado. Batista declarou ainda que, no País, o grupo continua a ganhar participação de mercado, "mesmo que, como um todo, ele não esteja crescendo muito" - fato decorrente da crise macroeconômica. O executivo ressaltou que os ganhos de mercado se dão na Seara, rival da BRF, e na Vigor, do setor de lácteos.

O executivo também comentou que o impasse político sobre o orçamento do governo federal para 2016 não pesa sobre as decisões da companhia. "O nosso setor, ao menos, passa um pouco à parte do que chamam de imbróglio político", afirmou.

No exterior, Batista comentou que o mercado norte-americano tem produtividade, o que garante que o país se mantenha competitivo "mesmo com o dólar se fortalecendo". A valorização do dólar no mercado internacional tem preocupado exportadores do país, que temem menores vendas externas. Nos Estados Unidos, o JBS atua tanto no segmento de bovinos quanto no de aves e suínos.

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